Xande de Pilares - Guto Costa
Xande de PilaresGuto Costa
Por Juliana Pimenta

Rio - Alegria em pessoa, Xande de Pilares está com trabalho novo na praça. O sambista acaba de lançar o volume 1 de 'Xande de Pilares - Nos Braços do Povo', seu primeiro DVD em carreira solo. Em um momento de crise — no qual o isolamento social ainda se faz necessário —, o cantor reforça que o DVD pode ajudar a trazer alegria ao seu público. "Eu sinto que o meu trabalho vai para a casa das pessoas para que a gente tenha esperanças de que as coisas vão voltar ao normal e a gente vai poder curtir um ambiente junto com as pessoas que a gente gosta. Bater papo, sorrir, gritar! Eu tenho essa sensação", destaca o compositor, com um ar otimista.

Gravado no ano passado, mais precisamente em novembro de 2019, o DVD traz lembranças de um tempo pré-pandemia. "Eu ainda estou muito assustado com esse mundo atual que a gente vive, esse novo normal. Mas ao mesmo tempo, eu me sinto como o último dos moicanos. De poder realizar um trabalho em que o público é o fator importante, a peça fundamental de um projeto. DVD sem público não seria legal", pondera o sambista, que faz uma diferenciação entre o projeto recém-lançado e suas lives, que fizeram sucesso durante esses meses de isolamento.

"As lives fazem bem essa função, mas só que não com a originalidade que esse trabalho mostra. No DVD é diferente. Esse trabalho dá um pouquinho desse gosto de positividade", argumenta.

Companhias de peso

Após 23 anos no Grupo Revelação, Xande se acostumou a estar bem acompanhado. Desta vez, não foi diferente. Para a apresentação especial, o sambista contou com a presença de figuras como Jorge Aragão, Mumuzinho, Tiee e Diogo Nogueira. "As pessoas que estão aí têm um motivo para estar. O Jorge Aragão e o Sombrinha fazem parte de uma geração que me influenciou. Também tem o Diogo Nogueira, que a gente tem um carinho especial de irmão e rolou até uma coincidência. Eu participei do primeiro DVD do Diogo, e ele participou do meu primeiro DVD na carreira solo. Achei uma coincidência muito incrível!", comemora Xande, que também contou com a participação mais do que especial de Dona Maura.

"A decisão de chamar minha mãe foi porque meu pai deu duas opções para ela: seguir a música ou ficar com ele sem a música. Ela optou por ele e, se ela tivesse escolhido a música, eu com certeza não estaria aqui. Então, vi essa como uma oportunidade de realizar o sonho que ela sempre teve, de retribuir fazendo uma música e agradecendo a ela por ter me criado. Ela curtiu demais e foi uma música onde a emoção toma conta da parada", lembra.

Raízes sólidas

Criado no Morro do Turano, na Zona Norte do Rio, Xande sempre faz questão de falar das suas raízes. Para o compositor, é um orgulho representar a comunidade.

"Quem sabe de onde veio sabe onde quer chegar. É uma frase que eu carrego na minha vida. Eu não tenho problema nenhum de dizer de onde eu vim. O Turano é a base de tudo. Foi ali que eu comecei a sonhar, foi ali que eu dei meus primeiros passos, aprendi meus primeiros instrumentos, aprendi a ler, aprendi a escrever e aprendi a ajudar sem interesse em ser retribuído. Ali é um lugar muito sagrado para mim", revela.

"Posso perceber o orgulho nos olhos das pessoas, principalmente das crianças do Turano. E meu projeto lá não vai parar, não. Tenho muitos projetos lá, projetos culturais. O importante é a gente seguir o que a gente acredita. Independentemente se a gente mora na favela ou em um condomínio de luxo", argumenta o compositor.

 

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