Dora Morelenbaum
Dora MorelenbaumCaio Paiva/Divulgação
Por O Dia
Rio - A musicalidade de Dora Morelenbaum vem de longe – de algum lugar impreciso entre o Japão e Minas Gerais. Misturando influências como Ryuichi Sakamoto (compositor japonês que conheceu aos 5 anos de idade, em viagem com os pais) e Milton Nascimento, Dora tece paisagens sonoras delicadas e improváveis em seu EP de estreia, Vento de Beirada, que chega hoje às plataformas.
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“Vento de Beirada é a intercessão de diversos caminhos da canção” – conta Dora – “Tem muito de musica mineira, Milton Nascimento e todos do Clube da Esquina, tanto na construção da poética, nas escolhas harmônicas e composicionais, quanto nos resultados estéticos coletivos”. Sobre a influência do compositor Ryuichi Sakamoto, Dora conta que o conheceu pessoalmente ainda criança: “Quando eu tinha 5 anos, em 2001, viajei para o Japão com meus pais, que estavam tocando junto com o Ryuichi Sakamoto, e foi um lugar musical e cultural com o qual eu me identifiquei muito. Na hora de compor, tive essa memória muito presente, esse momento da minha infância”.
Seu nome logo entrega a filiação com Paula e Jaques Morelenbaum: ela, cantora, e ele, maestro, arranjador e violoncelista, ambos integrantes da Banda Nova, que acompanhou Tom Jobim dos anos 80 até o fim de sua carreira. Crescida entre partituras, ensaios e viagens, Dora absorve do pai o domínio da teoria musical, e da mãe, a precisão vocal impecável. Com a mesma naturalidade, faz da música seu ofício quando começa a se apresentar ao lado dos parceiros de geração Julia Mestre, Zé Ibarra, João Gil e Lucas Nunes, em shows no Rio de Janeiro – grupo que viria a ser informalmente batizado por Teresa Cristina de “comunidade hippie”, em uma de suas lives compartilhadas.
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Para a produção de Vento de Beirada, a jovem compositora carioca contou com a ajuda dos amigos e parceiros de geração Ana Frango Elétrico (indicada ao Latin Grammy 2020 pelo álbum Little Electric Chicken Heart, como “Melhor disco de rock em língua portuguesa”), Lucas Nunes, da banda Dônica, e Guilherme Lirio, destacado músico e produtor do Rio de Janeiro. “Eu já admirava muito o trabalho deles três, individualmente, e pensei que juntos eles poderiam me ajudar a chegar nesse lugar que eu pretendia. Eu dividi com eles a responsabilidade de produzir comigo, de descobrirmos juntos a cara que o disco ia ter, e no final das contas acho que foi isso que aconteceu: o disco tem a cara de nós quatro”. Gravaram no disco, além de Dora, Guilherme Lirio e Lucas Nunes, a clarinetista Joana Queiroz e o renomado percussionista Marcelo Costa.