Publicado 21/05/2021 09:46
Rio - Elas trazem o samba no DNA e suas histórias familiares ajudaram a compor a história da MPB e da cultura popular. Descendentes diretas de uma ilustre linhagem de sambistas, elas decidiram se unir nos palcos e criaram o grupo Matriarcas do Samba. Inspirado na obra, nas lutas e conquistas de seus pais e avós, o grupo é formado por Nilcemar Nogueira, Geisa Keti, Vera de Jesus e Selma Candeia, que são, respectivamente, neta de Cartola, filha de Zé Keti, neta de Clementina de Jesus e filha de Candeia.
A estreia do quarteto acontece no próximo dia 22 de maio (sábado), às 19h, com show no Museu do Samba, e transmissão pelo canal Fita Amarela, no Youtube. A apresentação contará com duas convidadas: Tia Surica da Portela e Cassiana Pérola Negra, filha da saudosa Jovelina Pérola Negra.
No repertório, clássicos como A voz do morro, Alvorada, Preciso me encontrar e Não vadeia Clementina. E ainda sucessos de Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila e Xande de Pilares, entre outros partideiros. Sambas-enredos antológicos e sambas de terreiro também terão espaço no roteiro.
“No palco vamos cantar e contar a história do samba por meio do legado de nossas famílias. Desde Tia Ciata, matriarca fundamental para o surgimento e proteção do samba carioca, aos tempos em que o gênero dialoga com o Cinema Novo, critica a ditadura e as desigualdades e se legitima no cenário cultural e musical do Brasil, de maneira sempre atual e pulsante. O Matriarcas do Samba é mais do que um grupo musical, é uma forma de levar à frente lutas que vão além da cultura e da arte – como o combate ao racismo e a valorização das mulheres”, explica Nilcemar Nogueira, 61 anos, neta de Cartola, fundadora do Museu do Samba e idealizadora do grupo.
Para Geisa Keti, 58 anos, filha do autor de Opinião e A voz do morro, o novo conjunto a entusiasma porque vai “fortalecer a presença da mulher no samba e preservar e difundir a história de nossos pais para as novas gerações”. Acostumada a cantar “sem compromisso” em rodas de samba da cidade, Geisa faz planos de incluir canções “quase inéditas” de Zé Keti nas apresentações. “Papai compôs Quero morrer na Portela e Clementina de Jesus no vale dos orixás para projetos muito específicos e, por isso, as músicas são desconhecidas do grande público; é hora de tirá-las do baú”, revela.
Quando mais jovem, Vera de Jesus, 60 anos, chegou a dar tímidas palinhas em shows de sua avó Clementina. Também participou de um grupo musical, mas achava que não seria cantora. Até que, em 2015, se lançou na carreira, interpretando sucessos da ‘rainha do partido alto’ e composições próprias. “Fiquei muito feliz com o convite para integrar o grupo; minha vó é minha musa inspiradora e fico feliz em retomar seu legado e mostrar quem foi Clementina de Jesus para o samba e a cultura do país”, conta Vera.
SERVIÇO
LANÇAMENTO DO GRUPO MATRIARCAS DO SAMBA
Data: sábado, 22 de maio
Horário: 19h
Local: Museu do Samba
Transmissão pelo Canal Fita Amarela, no Youtube
Acesso GRATUITO
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