MC RebeccaDivulgação/ Luan Gadelha

Por Nathalia Duarte
A pluralidade do ser humano é o que nos torna únicos. Afinal, ninguém é “uma coisa só”. E, para mostrar seus vários outros lados, MC Rebecca escolheu o mês de junho para lançar o EP “Outro Lado”, no qual, além de cantar, atua e participa da direção criativa. Na quinta-feira, 17, foi lançado o clipe do single “Beijo Bye e Bye”, contando a terceira parte de uma história que, no final, vai virar um curta-metragem – ideia elaborada pela própria funkeira.


“Tive a ideia de fazer as quatro músicas do projeto ‘conversando’. Falei pro meu diretor e cheguei à conclusão de que o melhor momento para lançar seria agora, mês do meu aniversário, como uma maneira de presentear os fãs. Precisava de algo inovador e foi daí que surgiu a ideia do curta-metragem”, explica Rebecca.
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“Beijo e Bye Bye” é a terceira de quatro partes do curta. Na continuação da história, Rebecca, dona de uma casa noturna no clipe, seleciona gogoboys para trabalhar na sua boate. A personagem traz ainda mais empoderamento na letra da canção que retrata uma mulher decidida e independente - tanto em suas exigências quanto em relacionamentos. Além da música lançada nesta semana, o projeto já conta com “Pussy Gang”, uma parceria com Hyperanhas, “Bala” e, no dia 24, será o lançamento da última parte da história, com o clipe de “Só Faço o Que Eu Quero''. À frente na direção criativa, Rebecca também inova ao unir o funk ao pop, trap e rap e buscar em filmes e séries referências para a construção da história.

“Queria contar a história de uma mulher que conseguiu dar a volta por cima. O lado da mocinha x vilã. Mostrar o empoderamento mesmo em uma profissão muitas vezes marginalizada. Geralmente nós vemos as mulheres como strippers, violentadas, sofrendo abusos, e eu quis inverter os papéis. Na história, são as mulheres quem contratam os gogoboys, elas são as donas da boate”, conta a funkeira, que relembra quais produções assistiu para construir a narrativa. “Tive inspirações nos filmes ‘Doce Vingança’ e ‘Kill Bill’ e na série ‘Sky Rojo’, da Netflix”.
Musa do OnlyFans
Como estratégia de marketing para esse projeto, Rebecca se aventurou no OnlyFans, plataforma de assinatura de conteúdo popularmente conhecida pelos perfis para maiores de 18 anos. Lá, a cantora disponibilizou fotos e vídeos que o fãs não irão encontrar em nenhum outro lugar. “Trouxe essa ideia de lançar um perfil lá para ter conteúdos exclusivos sobre o EP e que eu não divulguei nas redes sociais. Quis trazer essa novidade para os meus fãs. E vários já assinaram. Está uma loucura”, comemora.

O outro lado
Desde que começou a carreira, há três anos, Rebecca mostrou para que veio. Com suas letras explícitas e falando abertamente sobre sexo, a funkeira esbanjou toda força e empoderamento que uma mulher pode levar a outras quando se tem coragem de dizer o que pensa. Logo de cara, a cantora explodiu com "Cai de Boca", "Ao som do 150", "Sento com Talento" e "Tô Preocupada (Calma Amiga)". Mas, qual seria o outro lado de Rebecca, o que quase ninguém conhece?.
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“Todo mundo quer conhecer esse meu outro lado. É muito bom quando a gente tem vários lados. E eu fico muito feliz de mostrar esse meu lado mais sensível. Eu choro o tempo inteiro, sou muito carinhosa, gosto de presentear quem eu amo. Tenho todas as pessoas que trabalham comigo como amigas. Gosto muito de me entregar para as pessoas”, conta. 
Profissionalmente, o que a cantora traz de diferente nesse trabalho é seu lado atriz, até então pouco explorado por ela, mas isso irá durar pouco...
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“Sempre foi uma vontade que eu tinha, sendo que nunca tive oportunidade de poder fazer um curso de teatro. Tudo surgiu através da Cleo, que me convidou para ser protagonista da série ‘Onde esta mariana?’. Pude fazer a preparação e me apaixonei. Depois disso surgiram vários outros convites. Recentemente eu fiz um teste para um filme, que ainda não posso dizer qual, mas eu passei. Então, o que posso adiantar é que vai vir muita coisa boa por aí”, adianta a cantora, que agora também pode ser chamada de atriz. “É muito bom você se arrisca, rompe barreiras. Quando eu comecei com funk, as pessoas achavam que eu não posso cantar outras coisas. É muito bom sair da zona de conforto, explorar esse outro lado”.
É o poder
Acumulando quase 4 milhões de seguidores somente no Instagram, e 1,5 milhão de ouvintes mensais nas plataformas digitais, a cantora celebra o sucesso fruto da sua caminhada no funk. Mas, para além de uma conquista pessoal, Rebecca diz que cada vitória conta.
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“É incrível como o funk mudou a minha vida. O que o gênero me proporcionou. Hoje eu inspiro outras meninas a cantarem, serem independentes, fazerem o que elas gostam. E eu pude trazer isso através do funk. Graças a ele, também pude dar emprego a pessoas que trabalham comigo. É muito triste que ainda exista o preconceito com o ritmo. Eu não sei o que tenho que fazer para acabar com isso, mas seja o que for, eu faço. Seja através das músicas, das redes sociais, da inspiração. As pessoas precisam ver que o funk traz esperanças a crianças e adolescentes que vivem em comunidades, que sonham em trabalhar com isso. Fico muito feliz quando alguém do funk chega em algum lugar que ninguém espera, como a MC Dricka essa semana na Times Square. A gente se une e fica feliz com a conquista do outro. São pretos no poder e isso já é uma vitória”, celebra Rebecca, que manda um recado: “E para as pessoas que acham que o funk não leva a lugar nenhum, a gente mostra na prática. É no trabalho que a gente cala a boca dessas pessoas”.