Rio - A festa animou a madrugada dos integrantes da Unidos da Tijuca, que comemoraram desde a finalização da apuração das notas do desfile na Quarta-Feira de Cinzas. Mas, entre os moradores do Morro do Borel que vestiam a camisa da escola nesta quinta-feira, havia uma certa tristeza em relação à festa da vitória. Eles relataram que nem a taça, bateria e outros membros da escola compareceram à sede da Rua São Miguel, na comunidade. Além disso, criticaram a falta de reparos no local. Desde 1992, a escola funciona em uma nova quadra, no Santo Cristo, na Zona Portuária.
Horta explicou que a festa foi realizada na nova quadra porque o local é maior do que a estrutura do Borel. “A antiga sede não suporta a quantidade de pessoas que comparecem à comemoração. Além disso, desde 1992, que a quadra não é mais lá. Agora, o local só funciona como centro de cidadania, que atende à comunidade, com consultório dentário, por exemplo”, disse.
Mas a explicação não foi suficiente para convencer alguns moradores do Borel, como o pedreiro Diego Marques, de 22 anos. Para ele, a comunidade onde se originou a agremiação teria sido abandonada pela escola. “Antes, botavam até telão para a gente acompanhar a votação do desfile. Nesta quinta, aproximadamente 300 moradores comemoraram aqui sem nem água. Podiam, pelo menos, ter trazido a taça, mas privilegiam o asfalto”, disse, referindo-se à nova quadra.
Para o artesão Luiz Antonio da Silva, de 54 anos, o sentimento é de desprezo. “É verdade que a escola está grande hoje devido ao presidente, Fernando Horta. Mas ele também sabe que aqui é a raiz do samba. Queríamos que o Horta desse mais atenção à comunidade”, pediu.
Morro da Formiga chora a derrota
No Morro da Formiga, o clima também era de revolta nesta quinta, mas com o resultado que rebaixou novamente o Império da Tijuca. Eles criticaram principalmente o fato de a escola ter ficado atrás da Vila Isabel, que desfilou com alas incompletas e sem fantasia. “Foi roubado, o Império não merecia. Foi o desfile mais bonito da escola”, disse o mototaxista Marcus Vinicius Santos, de 22 anos.
Já a dona de casa Sandra Santos, 45, ressaltou a animação do público. “O Império foi impecável. Levantou a arquibancada, ao contrário de muitas outras escolas. Mas há um preconceito contra escola que veio do Grupo de Acesso. Os jurados deviam estar em casa se arrumando quando ela desfilou”, disse.