Por nicolas.satriano
Rio - O som rasgado dos instrumentos de sopro está disputando na raça mais espaço no Carnaval, empurrando a turma da percussão para a cozinha. Este ano, saxofones e clarinetas vão ‘tagarelar’ e marcar o ritmo em vários pontos da cidade, e as festas comandadas pelas fanfarras vão bater novo recorde. Serão ao menos sete desfilando, ainda sem data definida: Orquestra Voadora, Sinfônica Ambulante, Os Siderais, Cinebloco, Fanfarra Black Club, Dama de Ferros, Ataque Brasil.
O ‘ano da fanfarra’, expressão do advogado e saxofonista-fundador da Sinfônica Ambulante, Edison Matos, de 29 anos, anuncia uma farra de metais.
A Sinfônica Ambulante%2C de Niterói%2C viaja de barca até a Praça 15%2C onde encontra o Cordão do Boi ToloDivulgação

“As grandes fanfarras, como a Orquestra Voadora, têm papel fundamental nesse movimento de expansão. Elas promovem oficinas de instrumentos e, delas, saem os novos músicos e, consequentemente, os novos blocos”, avaliou ele, que toca sax desde os 7 anos.

O destino do que chama de ‘movimento neofanfarrista’ — que resgata as fanfarras francesas, que deram origem às bandas militares — é crescer. O também saxofonista do Cinebloco, Reubem Neto, 25, concorda com a avaliação de Edison.

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“Esse formato têm envolvido e cativado as pessoas no Carnaval, por isso a cena cresce cada vez mais”, opinou Reubem, que toca temas de filmes nacionais e estrangeiros junto a 12 integrantes em ritmo de marchinha, coco, funk, maracatu e outros.
A presidente da Associação Sebastiana, Rita Fernandes, diz que a emergência das novas fanfarras é um bom exemplo do talento destacado dos cariocas de inventar novas modas ao seu jeito. “Houve uma época em que o movimento central do Carnaval era resgatar o samba autoral, e aí surgiram blocos que cantavam apenas uma composição. Depois, o resgate das marchinhas — caso do Céu Na Terra e Boitatá. Recentemente, teve o momento das escolas de percussão, e agora é a vez das fanfarras”, resumiu ela, sobre as ‘eras’ do Carnaval de rua.
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Reportagem de Luiza Gomes