Por tabata.uchoa
Rio - No dia em que saiu de casa, em Alagoas, ninguém passou a mão nos cabelos ou olhou nos olhos de Edynaldo. Ele partiu do Nordeste em busca de vida melhor no Rio e, por aqui, foi vendedor, cozinheiro e hoje é porteiro. “Na fé que une e faz o povo acreditar”, baseou a vida no sonho e colocou as músicas de Zezé Di Camargo e Luciano como trilha sonora de sua história. Como Edynaldo e outros tantos, a dupla sertaneja saiu de um canto do país para tentar a sorte... E, com “É o amor”, acabou conquistando o Brasil, no enredo da Imperatriz Leopoldinense para este Carnaval. 
Ansiedade dos fãs toma conta do barracão da escolaEstefan Radovicz / Agência O Dia

Edynaldo adotou o sobrenome do filho de Francisco, virou Edy Camargo, e é uma das principais figuras do fã-clube de Zezé di Camargo e Luciano no Rio de Janeiro. Ele e pelo menos outras 15 pessoas irão engrossar o coro na ala ‘É o Amor’, uma homenagem da escola de Ramos ao maior sucesso da carreira da dupla. “Dei o nome ao meu filho de Igor porque é o nome do filho do Zezé”, afirmou Edy. Foi apenas uma prova do tamanho da devoção aos goianos.

“Bocas que só me falam sim/Vozes que cantam meu canto/Amor de fã é assim”, dizem os últimos versos de um poema entregue pela dupla ao fã-clube do Rio. Um amor imortalizado na pele, caso de Nilda Lopes, Janaína Montal e do próprio Edy, que trazem o nome da dupla ou trechos de músicas marcados na pele, em tatuagens. Um amor tão grande que fez mesmo quem não tinha muita ligação com o Carnaval passar a frequentar a quadra, torcer nas disputas e, agora, viver a ansiedade de cantar a vida dos ídolos.
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“Elymar Santos foi quem fez o nosso meio campo para virmos para escola. Queríamos o samba dele, mas já sabemos a letra toda do Zé Katimba”, contou Ana Cristina Mendonça, a presidente do fã clube. No grupo, as histórias de dedicação à dupla vão do vício por uma música — que fez Nilda Lopes sair da casa onde trabalhava como doméstica após insistentemente ligar para rádio pedindo Zezé di Camargo e Luciano —, à vontade de ter filhos com o nome do ícone sertanejo. E passam por entregas de bolos de aniversário, arrumações de camarim, participação em DVDs, selfies após shows....
“Falei com meu marido: quero ter um casal de filhos, e chamar eles (sic) de Mirosmar e Mirosmara!”, sonha a baiana de Serrolândia, Jailma Silva, 30, em tributo ao nome verdadeiro de Zezé. O marido ainda não aceitou.
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Ala exclusiva e cheia de mistérios
A ala ‘É o Amor’, onde virão os fãs de Zezé di Camargo e Luciano, terá uma roupa vermelha como fantasia com as letras Z e L e um violão em neon. No barracão da escola, quase tudo pronto e o carnavalesco Cahê Rodrigues faz mistério para revelar mais detalhes do que a agremiação irá levar para a Avenida.
A história da dupla será a penúltima a passar pela Sapucaí, na madrugada de segunda para terça-feira de Carnaval. No desfile, estão previstas alegorias que remetam ao mundo sertanejo e também à religiosidade, marca do povo do interior do país. Outros artistas também irão participar do desfile, assim como o pai da dupla, Francisco José.
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Durante o desenvolvimento do enredo e das fantasias, o carnavalesco Cahê Rodrigues recebeu o pedido de Luciano para que ele e toda sua ala viesse fantasiada de engraxate — quando criança, ele ajudou o pai a colocar dinheiro em casa e amenizar as dificuldades exercendo a profissão. A escola garante que os dois irão desfilar no mesmo carro alegórico, desfazendo os rumores de que estariam brigados e viriam em carros separados.