Por luis.araujo

Rio - A escola de samba Unidos de Vila Isabel teve suas contas bloqueadas pela Justiça e confirmou que estão cancelados os eventos que iriam ocorrer na noite desta sexta-feira. As datas da final da escolha da 2ª porta-bandeira e da semifinal do samba-enredo serão confirmadas posteriormente.

Em nota, a escola informou que uma notificação judicial para o pagamento de uma dívida fez com que a escola tivesse suas contas bloqueadas na manhã desta sexta-feira. Segundo apurou a reportagem do DIA, a dívida seria da gestão do ex-presidente Wilson Moisés que comandou a Vila entre 2006 e 2013. O valor da dívida seria em torno de R$ 2 milhões.

Quadra foi fechada anteriormente

Em 2015, a escola passou por situação parecida. Durante quase um mês viu sua quadra ficar lacrada por determinação judicial. Na época, a decisão partiu da 49ª Vara Cível, que também previa o pagamento de R$ 179.718,54 por conta de um acordo não cumprido, do ano de 2011, para reforma na acústica da quadra. O então presidente Wilsinho Alves teria condicionado, em acordo, a obra no prédio tombado ao plantio de mudas de árvores na Grande Tijuca.

A Unidos de Vila Isabel será a quarta escola a desfilar no domingo de carnaval com enredo que abordará a influência africana na música brasileira. O tema será desenvolvido pelo carnavalesco Alex de Souza.

Veja a nota de esclarecimento da Unidos de Vila Isabel:

A Unidos de Vila Isabel informa que todas as suas atividades estão suspensas por tempo indeterminado. A medida inclui a semifinal de samba-enredo e a final do concurso de escolha da 2ª porta-bandeira que aconteceriam nesta sexta-feira, dia 30 de setembro. A decisão foi tomada em virtude de notificação judicial recebida pela agremiação e pela Liga Independente das Escolas de Samba nesta semana, penhorando o valor R$ 2.040.670,97 de nossa conta bancária.

O fornecedor Jaime Bernardino Ferreira de Albuquerque, mais conhecido como Jaiminho, cobrava da Unidos de Vila Isabel uma dívida no valor de R$ 1.296.000,00 oriunda do ano de 2011. Faltando três dias para renunciar ao cargo, e já com a carta de renúncia redigida, o ex-presidente da agremiação, Luciano Ferreira, firmou acordo judicial fixando o parcelamento da dívida em sete parcelas de R$ 185.142, 85. Os pagamentos seriam efetuados mensalmente de junho a dezembro de 2016.

Cabe ressaltar que o advogado da Unidos de Vila Isabel à época, Dr. Sylvio Capanema, discordou dos termos do acordo e não assinou os documentos, ato consumado pelo Dr. Evandro de Araújo Pinheiro, advogado contratado por Luciano Ferreira.

Ao assumir a administração da escola, o atual presidente Levi Junior, buscou um novo acordo com o fornecedor em questão. O objetivo era fazer com que os pagamentos não onerassem o orçamento e impossibilitassem que a agremiação pudesse fazer o seu carnaval. Jaime Bernardino Ferreira de Albuquerque mostrou-se receptivo à investida, e sugeriu que a dívida fosse abatida mediante comissão por um enredo patrocinado que o mesmo conseguiria para a Unidos de Vila Isabel.

A agremiação disponibilizou cartas de intenção e todo o material disponível para procuração, mas a possibilidade de enredo não se consumou e um novo acordo foi selado. Neste, Jaime Bernardino seria o fornecedor principal da Unidos de Vila Isabel, e teria sua dívida abatida recebendo valores um pouco acima que os praticados no mercado, até que a quantia fosse quitada. A diferença entre os preços praticados pelo reclamante e a média do mercado, porém, começaram a ultrapassar demais os limites acordados previamente, e a Unidos de Vila Isabel decidiu cancelar o acordo.

Jaime Bernardino Ferreira de Albuquerque, que possui relação de amizade com o ex-presidente da agremiação, Wilson Viera Alves, o Moisés, impetrou então a ação que dá origem a esta decisão tomada pela diretoria da Unidos de Vila Isabel.

Caso a situação permaneça desta maneira, a Unidos de Vila Isabel declara-se incapaz financeiramente de fazer o Carnaval 2017.

Reportagem de Luis Araujo 

 

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