Por gustavo.ribeiro

Rio - O diretor de Carnaval da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), Elmo José dos Santos, desmentiu ao DIA a versão informada pela Riotur sobre o motivo para o atraso do pagamento da prefeitura às agremiações do Grupo Especial. De acordo com Santos, a demora teria ocorrido porque a prefeitura empenhou inicialmente um valor abaixo do acordado e precisou refazer o documento para as escolas assinarem. Na quarta-feira, a Riotur afirmou que a verba estava disponível desde o dia 19 de setembro e a liberação só dependia da assinatura da Liga.

Elmo José dos SantosCarlos Moraes / Agência O Dia


“Esse contrato não é feito com a Liesa. É feito diretamente com as escolas. A Liesa pegou a documentação de todas as escolas e as escolas assinaram o documento para entregar à Riotur. Só que eles (Riotur) fizeram um empenho só de R$ 450 mil. Na verdade, eles tinham que empenhar R$ 1 milhão, então tiveram que refazer o contrato e empenhar R$ 1 milhão para cada escola”, explicou Santos antes da apresentação dos candidatos a Rei Momo, na Cidade do Samba, na noite desta sexta-feira (6).


A quantia de R$ 1 milhão por escola foi o valor prometido pelo prefeito Marcelo Crivella em subvenção ao Carnaval 2018, metade do total concedido na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes. O corte, anunciado no início do ano, foi justificado pelo aperto financeiro enfrentado pelo município e pelo estado. As parcelas acordadas para julho, agosto, setembro e outubro ainda não foram pagas.


“Esse R$ 1 milhão foi parcelado em três vezes e uma parcela de R$ 100 mil. Só que não recebemos até hoje. Eles tiveram que refazer, colocar em Diário Oficial esse empenho, para agora as escolas fazerem um novo documento e entregar à Riotur. Então as escolas não tiveram nenhum erro. A Liga fez o papel dela, mas houve esse erro pontual e as escolas estão esperando”, acrescentou o diretor da Liesa.


De acordo com Elmo José dos Santos, muitas agremiações estão em fase de fechar seus carros alegóricos em madeira, mas a etapa mais cara é a da decoração. “Já estamos em outubro e o Carnaval já era para estar avançado. As escolas e o Brasil estão passando por um momento de muita dificuldade e quanto mais tarde você compra (material), você compra pior, porque o preço sobe e não se tem chance de negociar. Sem dinheiro você não negocia. Recebemos as primeiras parcelas da TV Globo, por isso muitas escolas estão fechando seus carros em madeira, mas agora entra o mais caro, que é a decoração, os efeitos especiais”, disse Elmo dos Santos.


O Diário Oficial do Município trouxe na edição da última quinta-feira a publicação da prefeitura do empenho financeiro que faltava para a assinatura de todas as escolas de samba. Agora, Elmo dos Santos informou que a Liga espera que a prefeitura possa dar, na próxima semana, uma posição de quando sairá o dinheiro. Também nesta semana, a Liesa divulgou que pode suspender os ensaios técnicos na Sapucaí se não houver nova fonte de patrocínio.

Negociação segue com o governo federal

Procurada pelo DIA na quarta-feira, a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal (CEF) informou que não havia recebido nenhuma proposta de patrocínio ao Carnaval do Rio. No entanto, membros da Liesa já haviam informado que a instituição prometeu conceder R$ 8 milhões às escolas por meio da Lei Rouanet. Principal mecanismo de fomento à cultura no Brasil, a Lei Rouanet estabelece as normativas de como o governo federal deve disponibilizar recursos para a realização de projetos artístico-culturais. Entretanto, Elmo José Santos confirmou, nesta sexta, que o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, continua conversando com o Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.


“O ministro tem dado todo o subsídio para a gente preparar a documentação. Cada escola de samba vai ter que preparar sua documentação para receber esse dinheiro através da Lei Rouanet. Então nós estamos empenhados esta semana trabalhando só em cima disso. Isso vai ser uma maneira de as escolas conseguirem respirar e fazer um grande espetáculo. Nós não queremos chegar lá com um espetáculo de segunda categoria”, esclareceu Santos.


Em julho, o presidente Michel Temer havia prometido ajuda de R$ 13 milhões às escolas de samba do Rio, mesmo valor cortado pelo prefeito Crivella. Depois, esclareceu-se que o auxílio não seria realizado com recursos do Tesouro, mas através da CEF, por meio da Lei Rouanet, no valor de R$ 8 milhões. De acordo com Elmo, a Liesa está esperançosa por uma parceria com alguma empresa privada ou estatal que complemente a quantia restante, de R$ 5 milhões, também pela Lei Rouanet.


Confira a nota divulgada pela Riotur no dia 4 de outubro:

O prefeito Marcelo Crivella autorizou no dia 19 de setembro a liberação do crédito de R$ 6 milhões para o pagamento à Liesa referente às parcelas de julho, agosto e setembro da subvenção dos desfiles das Escolas de Samba do Grupo Especial do Carnaval do Rio 2018, conforme o termo de compromisso entre as partes. A Riotur enviou a minuta dos contratos para a Liga das Escolas de Samba, que até o momento não assinou para a necessária publicação no Diário Oficial. Portanto, o pagamento que está disponível desde o dia 19 de setembro, só depende da Liesa. Em anos anteriores a prefeitura nunca adiantou o pagamento do subsídio integralmente antes do desfile. Esse ano, embora o subsídio tenha diminuído devido à grave crise que atravessa o Rio de Janeiro, será pago até dezembro. Só depende da Liesa.


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