Carnavalesco Paulo Menezes diz que atraso foi devido à crise financeira - Alexandre Brum / Agência O Dia
Carnavalesco Paulo Menezes diz que atraso foi devido à crise financeiraAlexandre Brum / Agência O Dia
Por *Luana Dandara

Rio - Salva do rebaixamento pela virada de mesa no ano passado, a Império Serrano luta, mais uma vez, para se manter no Grupo Especial. Mas a aposta em uma estética grandiosa e ousada, e na recontratação do carnavalesco Paulo Menezes, de 53 anos, parece ter fugido do esperado: a uma semana do desfile, a agremiação só tem uma das seis alegorias prontas e ainda não terminou a confecção das fantasias.

O motivo do atraso, segundo a direção, foi uma grave crise financeira. Além do corte de verbas por parte da prefeitura, mais de R$ 1 milhão dos cofres da Verde e Branca foram penhorados em dívidas trabalhistas. O clima no barracão, entretanto, não tem nada de desanimador. Funcionando 24 horas por dia, com equipes revezadas, o Império confia que entregará todo seu Carnaval a tempo e fará jus à música de Gonzaguinha e tema do enredo 'O que é o que é'.

"Estou seguro de que vou entregar o projeto idealizado. Lidar com dificuldades não é novidade para mim. A escola vai se identificar com aquilo que vai vestir e o que vai ver", destacou Menezes, que está de volta após 13 anos de afastamento. "Não carrego o peso de 'salvar a escola do rebaixamento'. A minha responsabilidade é tocar a parte plástica. O Império pode explodir na Avenida, vai depender dos componentes", acrescentou.

Vários âmbitos da vida serão abordados pelo carnavalesco na Avenida, como o olhar inocente das crianças, os pensamentos negativos, a ciência e a religião. Assim como o cantor Gonzaguinha, Menezes fez um trabalho de campo, questionando o que era a vida para pessoas de diferentes camadas sociais. "Hoje, a vida pra mim é colocar esse Carnaval na rua", brincou ele. 

Uma alegoria representará a vida como um jogo de xadrez, enquanto o último carro lembrará a esperança do imperiano em voltar a ser protagonista da festa, com uma homenagem a Dona Ivone Lara, ícone da ala de compositores da agremiação, que faleceu em abril do ano passado. "A coroa da escola será um patchwork (artesanato com retalhos) de fotos dela. E atrás virão dois São Jorges, padroeiro da escola", explicou o profissional. "É um desfile esteticamente diferente de tudo que já fiz. Não fui eu que escolhi a maneira de desenvolver o enredo, embarquei na onda do compositor", acrescentou.

Desde janeiro, a escola de Madureira é alvo de comentários das concorrentes e até de quem passa pelo barracão. "Dá pena do Império", desabafou uma visitante, torcedora da Portela. Porém, o diretor de Carnaval, Zé Luiz Escafura, 33 anos, reforçou que nada está definido até a entrada na Sapucaí. "É lá que a magia acontece. E até lá ninguém sabe de nada, quem vai cair, quem vai ganhar. As alegorias são só um dos nove quesitos", ponderou.

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