Com o enredo 'História pra ninar gente grande', Mangueira levou o Troféu Tamborim de Ouro de 2019 - Arquivo o dia
Com o enredo 'História pra ninar gente grande', Mangueira levou o Troféu Tamborim de Ouro de 2019Arquivo o dia
Por O Dia

Rio - Em um desfile irreverente e inovador, a Estação Primeira de Mangueira conquistou o troféu Tamborim de Ouro de melhor escola do Grupo Especial. O prêmio, que está na 22ª edição, destacou outros oito quesitos do Carnaval, baseado no voto popular, pelo site, e de cinco jurados.

Para o carnavalesco Leandro Vieira, que está em seu quarto trabalho na Verde e Rosa, a emoção do público na Marquês de Sapucaí surpreendeu ainda mais que no campeonato de 2016, na homenagem à Maria Bethânia. "Há muito tempo não via a Avenida explodindo como ontem. Acredito que era um grito engasgado na garganta do povo", afirmou ele, que apostou no enredo ‘História pra ninar gente grande', que recontou a história do Brasil com o merecido protagonismo de heróis populares por meio de alegorias fortes, como a que apresentou o Monumento das Bandeiras manchado de sangue, e fantasias criativas. "Construir o Carnaval de 2019 foi muito difícil, tanto pelo fato do enredo ser contestador, quanto pela série de dificuldades financeiras. Por isso, receber essa consagração é motivo de muito orgulho".

O jurado Aydano André Motta acredita que o tema atual foi o ponto forte da agremiação. "O Leandro acertou em cheio na concepção de um enredo muito sedutor, principalmente pelo momento que o Brasil vive. Está no caminho do título oficial", pontuou. "Foi muito superior às demais, por conta de um enredo que dialoga com o público", defendeu o especialista Fábio Fabatto. Alberto João, Bárbara Pereira e Eugênio Legal completaram o corpo de julgadores.

Já o Salgueiro, ao homenagear seu orixá padroeiro, saiu com dois prêmios: Samba do Ano e Casal Nota 10. A composição foi a grande alavancadora da Vermelha e Branca. "O que aconteceu na Sapucaí surpreendeu até a gente mesmo, estamos ainda extasiados! Ser recepcionado por todas as arquibancadas em pé foi emocionante demais. O prêmio vem com o esforço de querer o melhor pra escola. Ficamos muito felizes quando existe esse reconhecimento", assinalou o compositor Marcelo Motta, que assinou o samba-enredo com Demá Chagas, Renato Galante, Fred Camacho, Leonnardo Gallo, Getúlio Coelho, Vanderlei Sena e Francisco Aquino.

O mestre-sala Sidclei Santos e Marcella Alves também saiu sobre aplausos no domingo. "É um prêmio especial, ser querido pelo povo e pelos jurados. Foi o melhor Carnaval da minha vida, ficará marcado por conta de nossa superação", contou Sidclei, que ficou cinco meses fora da agremiação, após a demissão da sua porta-estandarte por conta da gravidez. Eles voltaram com o atual presidente André Vaz.

Na Homenagem da Redação, o troféu foi dedicado à presidente da ala de destaques da agremiação tijucana, Iracema Pinto, de 78 anos, que morreu a caminho do desfile, por um AVC. "Prefiro pensar que ela quis ver de cima seu Salgueiro brilhar. O Carnaval, a escola, o Rio perde uma grande pessoa", declarou o filho de Iracema, Eduardo Pinto. "Essa homenagem me acalenta, como uma massagem no coração", complementou ele, que é diretor cultural do Salgueiro.

No quesito Rainha, a apresentadora, Sabrina Sato, que teve sua primeira filha Zoe há três meses, levou a melhor. "Cada ano é uma emoção diferente, mas esse foi uma emoção única como mãe. O carinho das pessoas ao longo da Avenida me dava mais força. Esse prêmio, neste ano, me faz ainda mais feliz", afirmou ela. "Já imaginava que seria um desfile maravilhoso, mas ver toda essa grandiosidade superou minhas expectativas".

Na ala das baianas, a Paraíso do Tuiuti foi a vencedora. "O nosso diferencial é o apoio e suporte à coirmãs. Tento colocar o melhor de mim. No fim do desfile desabei de chorar, porque tivemos problemas na fantasia antes de entrar na Avenida, porém tudo deu certo”, pontuou a diretora da ala Sandra Trindade.

Estreante na Portela, Carlinhos de Jesus conquistou o prêmio de Comissão Sensação. "O enredo me inspirou, mas não esperava ganhar, não achava que tinha essa força. É uma surpresa e honra". O coreógrafo levou guerreiras de Iansã que contracenaram com a imagem da orixá em um tripé. A escultura emitiu sons de raios e trovões, e no refrão a cantora Mariene de Castro surgiu cantando o samba da escola de Madureira. “Quis mostrar o empoderamento da mulher marcante e poderosa que foi a Clara Nunes“, enfatizou.

A Voz da Avenida deu empate entre Wantuir, da Unidos da Tijuca, e Zé Paulo, da Viradouro. “Consegui, dentro do desfile, uma comunicação com o público maravilhosa. Sou fã do Wantuir, o admiro como pessoa e cantor, então é uma honra dividir com ele o prêmio”, comemorou Zé. “Por ser uma pessoa religiosa foi marcante em toda minha carreira cantar esse samba que é uma oração”, disse Wantuir.

A bateria Nota 10 da Mocidade conquistou o Tamborim. “É preciso manter o alto nível, procurei fazer bossas encaixadas na melodia do samba. A nossa bateria tem uma cadência que ninguém pode tirar”, explicou Mestre Dudu, que coordena 265 ritmistas.

ESTREANTE NA PREMIAÇÃO

Do alto de seus 58 anos, o bloco Cacique de Ramos foi premiado com seu primeiro Tamborim de Ouro. “Em meio a tantas dificuldades para manter o bloco na rua, esse prêmio nos enche de esperança de que estamos no caminho certo, levando diversão às famílias", expressou Ronaldo da Silva, diretor do Cacique.

Confira os vencedores em cada categoria:

Escola de Ouro

Mangueira

A Voz da Avenida

Empate: Zé Paulo Sierra (Viradouro) e Wantuir (Unidos da Tijuca)

Comissão Sensação 

Portela

Samba do Ano

Salgueiro, com 'Xangô'

Casal Nota 10

Sidcley Santos e Marcela Alves

Baianas

Paraíso do Tuiuti

Rainha

Sabrina Sato, da Vila Isabel

Bateria Show

Mocidade

Os Donos da Rua

Cacique de Ramos

Homenagem da redação

Dedicado à presidente da ala de destaques do Salgueiro, Iracema Pinto.

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