Dragão do Mar - Alexandre Brum / Agencia O Dia
Dragão do MarAlexandre Brum / Agencia O Dia
Por Beatriz Perez e Luana Benedito

Rio - Campeã do Carnaval de 2019, a Mangueira reconduz à Avenida neste sábado os heróis que a História oficial do Brasil esqueceu de contar. Confira abaixo quem são as Marias, Mahins, Marieles e Malês citadas no samba-enredo da Verde e Rosa.

Dandara - Reprodução

Dandara

Dandara foi mulher de Zumbi dos Palmares e ficou conhecida por lutar ao lado dele. "A biografia dela é incerta, há poucos dados. Ela é quase mitológica digamos assim. Ela dominava a capoeira e teria lutado ao lado do Zumbi para estabelecer na Serra da Barriga, hoje no estado de Alagoas, o Quilombo dos Palmares", comenta o historiador Vinícius Natal. 

Maria Felipa de Oliveira liderou movimento por Independência da Bahia entre 1822 e 1823, na Ilha de Itaparica - Reprodução/ Domínio Público

Maria Felipa

Maria Felipa, explica o historiador Luiz Antônio Simas, era uma pescadora e vendedora de mariscos da Ilha de Itaparica, na Bahia. Ela liderou uma insurreição contra os portugueses na ilha durante a guerra de Independência da Bahia (1822-1823). A itaparicana liderava um movimento que incendiava embarcações portuguesas. Sua história, acrescenta Simas, foi recuperada por Ubaldo Osório, avô do escritor João Ubaldo Ribeiro, que a descreveu como mulher negra, corpulenta e estabanada. A personagem é reconhecida localmente, mas não chegou na maior parte das escolas do país.

Cariris - Alexandre Brum / Agencia O Dia

Cariris

A Confederação dos Cariris reuniu as tribos Crateús, Cariús, Cariris e Inhamuns que lutaram contra a colonização portuguesa e escravização de indígenas no Nordeste. Eles foram massacrados pelo bandeirante Jorge Velho, o mesmo que fez a guerra contra o Quilombo dos Palmares, explica Simas. Esse episódio do massacre dos Cariris ficou conhecido como Guerra dos Bárbaros”, diz. Os bandeirantes eram contratados por elites locais para dizimar e abafar movimentos negros e indígenas, acrescenta o historiador.

Dragão do Mar - Alexandre Brum / Agencia O Dia

Dragão do Mar

Dragão do Mar de Aracati, também conhecido como Chico da Matilde, foi um jangadeiro abolicionista, que viveu no Ceará. "Ele ficou conhecido por se negar a embarcar escravos na sua jangada. No Ceará, a abolição da escravidão aconteceu em 1884, por uma pressão movimento abolicionista cearense. No Brasil como um todo aconteceu em 1888, assinada pela Princesa Isabel", explica Vinícius Natal. O nome também foi citado no enredo da agremiação Paraíso do Tuiuti, que homenageou o Ceará. 

Ala Caboclos de Julho - Alexandre Brum / Agência O Dia

Caboclos de Julho

Os caboclos de julho foram baianos, descendentes de índios e negros, que combateram na guerra de Independência da Bahia. Os portugueses se recusaram a aceitar a inserção da província na unidade brasileira. Os caboclos de julho lutaram em tropas para garantir a independência da Bahia em 19 de fevereiro de 1822, antes da independência brasileira de 7 de setembro. Mas a guerra baiana levaria mais de um ano, encerrando-se no dia 2 de julho de 1823.

Homenagem a Luís Gama, filho de Luísa Mahin - Alexandre Brum / Agencia O Dia

Luísa Mahin 

Mãe de Luís Gama, advogado, jornalista e poeta abolicionista. Ela participou da articulação de várias revoltas de escravos, principalmente na Bahia. "Muita gente não sabe a origem dela, se ela vem da Costa da Mina, Golfo da Guiné, ou da Bahia", conta Vinícius Natal. Ela foi escravizada, comprou a alforria e começou a trabalhar como quituteira. "A partir dessa função, ela começa a ter uma relação muito forte com a rua, que era um lugar importante de troca e de estabelecer relações com os circulantes. A partir daí, ela começa ser uma das peças fundamentais para os levantes de escravos que vão acontecer e pra toda luta negra que vai ocorrer no século XIX", completa o historiador. 

Revolta dos Malês - Reprodução

Revolta dos Malês 

A Revolta do Malês aconteceu em 1835 na Bahia, por escravos negros islamizados, que sabiam ler e escrever. "O levante teve um contexto de impacto, porque gerou um medo muito grande nos brancos, de que essa revolta se espalhasse pelo Brasil e que fosse feita uma revolução parecida com do Haiti, onde os negros subverteram a ordem e tomaram o poder", conclui Natal. 

 

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