Nos carros alegóricos, o universo circense será lembrado pelo Salgueiro de forma lúdica e fantástica Gilvan de Souza
Por Luana Dandara
Publicado 03/02/2020 08:00

Conhecido por seus desfiles com temáticas africanas, o Salgueiro promete surpreender a Sapucaí neste ano com a estética fantástica do circo. Ao homenagear os 150 anos de Benjamim de Oliveira, o primeiro palhaço negro brasileiro, o carnavalesco Alex de Souza quer fazer da apresentação um verdadeiro cortejo circense. Nas alas, cerca de 50 artistas do Circo do Marcos Frota, como pernas de pau, contorcionistas e malabaristas darão o tom da folia salgueirense para o público da Passarela do Samba.

"O universo do circo é uma novidade para o Salgueiro, mas mantém a âncora do negro como protagonista. Ter um negro iluminado por um refletor no palco, no picadeiro, é fabuloso. É descolar uma figura sempre associada ao candomblé, ao Brasil Colonial, à África", explica Alex.

Detalhe de alegoria do Salgueiro para o Carnaval 2020 Gilvan de Souza / Agência O Dia

Além de ator, Benjamim foi músico, compositor, dançarino e pioneiro em encenar peças teatrais no picadeiro. "A história de Benjamim como artista começa aos 12 anos, quando ele foge de casa e acompanha um circo que estava na cidade. Ele sai de circo em circo, passa por uma trupe cigana e quando substitui o palhaço tem uma péssima repercussão, até ele entender como mexer com o público. E aos poucos se torna a estrela da companhia", conta o carnavalesco.

Segundo Alex, por não haver registros de como eram os circos por onde Benjamim passou, a representação será do final do século XIX e início do século XX. "É um apanhado de atrações, figurinos e detalhes que remetem aquele circo universal, algo bem lúdico", detalha. "Espero que a gente consiga passar uma bela homenagem a um grande artista e ao mesmo tempo animar, deixar um sorriso no rosto das pessoas", finaliza o profissional, que assina seu terceiro desfile na Vermelha e Branca.

Alegoria traz ex-presidente na plateia

O desfile da agremiação tijucana será aberto com uma alegoria colorida, onde as esculturas realistas dos animais, como um leão e uma foca, chamam a atenção.

No quarto setor, será a vez do circo-teatro. "Ele interpretou clássicos no picadeiro, por exemplo, 'Otelo', de Shakespeare", diz o carnavalesco. No carro, personagens vão encenar peças em plena Avenida, enquanto em uma arquibancada, construída sobre a alegoria, um público vai aplaudir. "Nessa plateia, o presidente a época, Floriano Peixoto, estará representado. Ele era fã do Benjamim de Oliveira", revela Alex.

Ter um negro iluminado por um refletor no palco, no picadeiro, é fabuloso, diz o carnavalesco Alex de SouzaGilvan de Souza / Agência O Dia

O espetáculo salgueirense vai terminar com uma grande homenagem à classe artística negra: cerca de 20 artistas, entre eles Milton Gonçalves, Antônio Pitanga e Negra Li vão desfilar vestidos de palhaço. Comediantes como Mussum e Grande Otelo também serão lembrados, por meio de balões de gás. "É um pequeno grupo representando toda uma categoria que veio no rastro do Benjamim".

Você pode gostar

Comentários

Publicidade

Últimas notícias