Alexandre Louzada e Cid Carvalho acumulam, juntos, sete títulos na Azul e Branca
 - Fabio Costa
Alexandre Louzada e Cid Carvalho acumulam, juntos, sete títulos na Azul e Branca Fabio Costa
Por Luana Dandara
Inspirada na cantiga infantil, a Beija-Flor quer ladrilhar a Marquês de Sapucaí neste Carnaval. Após amargar a 11ª classificação no ano passado, a agremiação volta a apostar na grandiosidade e luxo, com a assinatura de dois dos renomados carnavalescos de sua história: Alexandre Louzada e Cid Carvalho. Na última alegoria, um beija-flor, enfeitado por jóias, trará os ícones da Velha Guarda.

"Como a maior vencedora da Era Sambódromo, vamos fechar o desfile com uma homenagem ao beija-flor. Se aquela rua fosse nossa, a gente mandava ladrilhar. Sobre o carro, um diamante vai se abrir e virar uma flor, uma associação entre a pedrinha de brilhante e o símbolo da escola", revela Louzada. "A partir daquela encruzilhada, a escola propõe um festival de prata em plena pista para valorizar e apresentar não só o cidadão que usa a rua como um ponto de ligação, mas todos que trabalham nas ruas e fazem dali seu ponto de manifestação artística e política", completa Cid.

Atrás dessa alegoria, serão homenageados personagens como camelôs, malabaristas, prostitutas e guardas municipais, que fazem da rua um ponto de referência.

Trabalhando juntos pela primeira vez, Louzada e Cid acumulam sete títulos pela agremiação de Nilópolis e buscam, com a parceria, mais um. "Fizemos um pacto de amigo que colocasse a Beija-Flor acima da gente. O público vai ver traços meus e dele, está um Carnaval híbrido", diz Louzada. "Houve muito diálogo, a vaidade ficou distante", reforça Cid.

Detalhe da segunda alegoria da Beija-Flor: todos os caminhos levam a Roma - FabioCosta

 "O 11º lugar foi doloroso", confessa Cid

Integrante da Comissão de Carnaval em 2019, Cid assume que a proposta apresentada pela escola não foi eficiente. "O 11º lugar machucou a todos nós, foi doloroso mesmo. Por isso, estamos trabalhando sem trégua para desenvolver um Carnaval soberbo", destaca.

O carnavalesco, porém, justifica o modelo apresentado. "De certa forma, foi uma sequência de 2018, quando ganhamos o título. Para fazer o que a Beija-Flor fez tem que ter muita coragem e vanguarda na veia. Não funcionou, a gente volta a beber na 'velha estética'".

Homenagem à 'Princesinha do Mar'

De acordo com os carnavalescos, o objetivo do enredo não é só retratar o espaço urbano atual, mas sim as rotas trilhadas pelo homem ao longo da história. E a marca da Beija-Flor estará presente. "A escola volta na boa e velha fonte do grandioso. O luxo permanece, mas com uma limpeza estética", detalha Cid. "Não me satisfaço com um Carnaval pequeno, é minha característica", acrescenta Louzada.

No abre-alas acoplado, um beija-flor de gelo vai lembrar a última era glacial, quando o homem se põe de pé e começa a se expandir pelos continentes.

No quarto setor, será abordado o espaço da rua para a demonstração de fé. Uma alegoria retrátil de Nossa Senhora Aparecida, com mais de 20 metros de altura, equivalente a um prédio de seis andares, representará uma procissão.

A cidade do Rio será homenageada no terceiro setor, com o Palácio da Quinta da Boa Vista, e no penúltimo. "No penúltimo setor, são as ruas de cartão-postal, que conhecemos mesmo sem ter visitado. Não poderia faltar a 'Princesinha do Mar'", explica Cid. A alegoria, com uma grande escultura de sereia, fará jus à beleza do bairro de Copacabana.