28.02.2020 - Rio de Janeiro  -  A atleta do nado artistico Anna Giulia Veloso fala como foi ser a sareia da escola de samba Unidos do Viradouro campeã do carnaval 2020, Foto: Fabio Costa/Ag.O Dia - Fabio Costa
28.02.2020 - Rio de Janeiro - A atleta do nado artistico Anna Giulia Veloso fala como foi ser a sareia da escola de samba Unidos do Viradouro campeã do carnaval 2020, Foto: Fabio Costa/Ag.O DiaFabio Costa
Por ANA CARLA GOMES

A fala doce, o rosto de menina e o discurso consciente do seu papel como atleta e mulher estão por trás da sereia que brilhou no carro da comissão de frente da Viradouro, campeã do Carnaval 2020. O papel coube a Anna Giulia Veloso, 20 anos, atleta do nado artístico do Fluminense e da Seleção, que mostrou na Sapucaí desenvoltura para submergir várias vezes num aquário com sete mil litros de água.

A apresentação arrebatou a todos no início do desfile da Vermelho e Branco de Niterói. O enredo 'De Alma Lavada' mostrou as Ganhadeiras de Itapuã, histórico grupo musical de mulheres da Bahia que trabalhavam para comprar alforrias no século XIX.

"Nem esperava toda essa repercussão. Estou muito feliz. É muito especial ter toda essa representatividade como mulher, negra, junto com as ganhadeiras, que são as primeiras feministas, que todo mundo fala. Foi muita emoção", lembra Anna Giulia.

Assim que viu o celular, a atleta teve noção da dimensão da sua apresentação. "Logo que saí do desfile, fiquei pensando: 'Meu Deus, o que acabou de acontecer?'. Só depois vi como estavam as redes sociais, o WhatsApp, com muitas mensagens. Fiquei muito feliz".

Anna Giulia conta que é difícil comparar o nervosismo do esporte com a emoção da Sapucaí. "Na Avenida, senti o frio na barriga. Mas em competição já estou acostumada. O que fazia no aquário poderia ser mais 'fácil' do que no nado, mas era novo", compara.

Com a participação, a Viradouro ganhou uma torcedora. "Era um sonho que não sabia que tinha. Foi uma realização gigantesca. Sempre admirei o trabalho das escolas, mas não pulo bloco. Agora sou Viradouro", garante.

 

Das piscinas para o aquário da Sapucaí, uma rotina puxada
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A adaptação ao aquário exigiu muito esforço de Anna Giulia. "No primeiro dia fiquei perdida. No início, ensaiava com óculos para conhecer o espaço e batia direto no vidro. Mas depois me acostumei e foi tranquilo", conta.
Sua rotina de atleta ficou ainda mais puxada. "Comecei com a Seleção no início de janeiro e era treino de manhã e à tarde, muito exaustivo. Os ensaios apertaram também. Começavam por volta de 23h30 e terminavam lá pelas 3h. Era complicado de dormir. Mas valeu muito a pena", lembra.
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Um dos motivos que levou Anna Giulia a aceitar o convite da Viradouro foi ajudar a sua modalidade. "Pensei bastante no lado do esporte porque é aquilo que sempre falo: não tem visibilidade como teve no Carnaval. Essa história da sereia pode ajudar um pouco. Espero que ajude nesse lado de todo mundo ver mais, no patrocínio e na verba".
Anna Giulia cursa a faculdade de Publicidade, já pensando no pós-carreira. "A gente doa o nosso tempo, se sacrifica muito pelo esporte, mas sabendo que não é para a vida inteira. A gente tem que arranjar um tempinho para pensar no futuro".
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