Por bianca.lobianco
Rio - Parece que foi ontem: há um ano, as irmãs gêmeas Júlia e Rafaela, hoje com 15 anos, estavam no quarto gravando vídeos em que apareciam cantando, para o canal das duas no YouTube. Hoje, com um EP nas plataformas digitais, um DVD a ser gravado em breve (e contrato com a grandalhona Universal), muita coisa mudou no dia a dia das meninas. Um dos desafios agora é ver como fazer para conciliar shows e escola.
As gêmeas já participavam de festivais na escola quando eram pequenasDivulgação

“A gente ainda nem sabe como vai fazer. Vamos ver mais para a frente. De qualquer jeito, os shows são no fim de semana, dá para conciliar”, conta Rafaela, que como a irmã Julia, vê um futuro repleto de música. “Nem pensamos em fazer faculdade, nossa vida é ligada a isso”, contam, quase em uníssono.

A música, as meninas dizem, foi uma paixão surgida na infância. Criadas numa fazenda no interior de Mato Grosso (em Campo Verde, cidade de 38 mil habitantes que vive, basicamente, do agronegócio), as gêmeas já participavam de festivais na escola quando eram pequenas. Bem pequenas mesmo, aliás.
Julia e Rafaela têm apenas 15 anosDivulgação

“A gente já cantava com cinco anos de idade. Lembro do nosso pai levando o gado e a gente com ele, ouvindo ‘modão’”, recorda Júlia. “A Rafaela começou a cantar primeiro. Eu era mais envergonhada. Chegamos a cantar separadas também. Mas depois passamos a cantar juntas, na igreja, na escola, em festivais do município”.

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YOUTUBE

Uma das primeiras pessoas a enxergar potencial profissional na dupla foi a irmã mais velha delas, Camila Mores. Ela fez um vídeo das gêmeas cantando e soltou no Facebook. O número de compartilhamentos e curtidas animou Camila a criar um canal no YouTube.

Capa do Ep de Julia e RafaelaDivulgação

“No começo, a gente nem queria o canal, sabe? Achávamos que era só uma brincadeira, que era desnecessário. Mas muitas páginas do Facebook foram linkando a gente, alguns sites apareceram querendo saber quem a gente era”, conta Júlia.
Ela e a irmã têm um público “bem variado”. “Vai dos 18 aos 35 anos”, conta Rafaela. Luan Santana, que começou adolescente, arrebanhou vários jovens para o público do sertanejo, hoje já crescidos. Pretendem fazer o mesmo? “Pode acontecer, seria bom”, dizem, juntas.

SEM SOFRÊNCIA
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O repertório das meninas tem ‘modões’ juvenis como ‘Paredes Pintadas’, ‘Não Deixe de Me Abraçar’, ‘Pé Na Rua’. Com uma diferença básica: “A gente tentou não ir nessa onda da sofrência, que tá todo mundo fazendo agora. A gente nem sofreu muito ainda, né?”, brinca Júlia, seis anos a menos que a novinha Marilia Mendonça, atual rainha do sertanejo, que tem 21. “As músicas que a gente escolheu falam de coisas do dia a dia. Fomos no mesmo caminho para o DVD”, diz. As duas já compõem e separaram músicas suas para o DVD, aliás. “Temos muita coisa guardada. Dá para fazer um disco só com o material que não usamos”, completa.
VINGANÇA
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Júlia e Rafaela não apenas querem passar longe da sofrência como também suas músicas falam do dia a dia de meninas bastante decididas. ‘Na Mesma Moeda’ fala de um menino que trai a namorada e ganha a vingança da ex. Se acontecer com elas, será que o tratamento dispensado ao garoto vai ser o mesmo? “Nããão”, brincam, em coro. “Mas ele vai ser ignorado, vai ganhar um vácuo bem grande”, conta Rafaela. Em ‘Ai Que Fofo’, o tema é um jovem que declara amor para várias meninas pelas redes sociais e é pego, e ainda marca encontro com duas irmãs em separado. “Isso nunca aconteceu com a gente não... Peraí, aconteceu por mensagem e a gente viu, né?”, pergunta Júlia. “É, a gente falou: ‘Nossa, nada a ver’, e deixamos pra lá”, completa a irmã.
O grande hit é o single ‘Paredes Pintadas’, cujo lyric video já chegou a um milhão de views e tem gerado interesse de futuros fãs — e convites para shows e turnês. “Nossos pais estão bastante felizes com esse sucesso, mas estão com o coração apertado”, conta Júlia. “Mas apoiam muito a gente em tudo. Ficamos felizes também”.