Publicado 23/10/2020 16:18 | Atualizado 23/10/2020 18:39
Rio - Admiradores e amigos de Jane di Castro, que morreu nesta sexta-feira (23), vítima de um câncer, prestaram homenagens nas redes sociais à artista. Jane, batizada de Luis Castro, foi parte da geração pioneira de artistas travestis e transformistas que revolucionou a cultura brasileira. O nome artístico foi sugerido por Bibi Ferreira, um dos ícones das artes cênicas que a dirigiu, como fizeram, mais tarde, Ney Latorraca e Miguel Falabella. Em 2001, abriu seu próprio salão em Copacabana, na Zona Sul do Rio. A atriz e cantora morreu em decorrência de um câncer no fígado.
O ator e diretor Miguel Falabella postou no Instagram, emocionado: "Querida Jane, voce vai fazer muita falta. Vou guardar comigo sua alegria, seu comprometimento e sua coragem de ser quem voce resolveu ser quando direitos civis eram inexistentes. Sua breve passagem por 'Pé na Cova' foi luminosa. Espero que Rogéria tenha ido espera-la nos portões da eternidade".
O ator Silvero Pereira, que contracenou com Jane em 'A Força do Querer', da Globo, também prestou uma homenagem. "Divina diva, obrigado por sua luta, história e arte", postou o ator, com uma foto com ela nos bastidores da novela.
O ex-deputado federal Jean Wyllys também se manifestou. "Agora você brilha no céu! Obrigado por tudo", escreveu no Twitter.
Nascida em Osvaldo Cruz, ela enfrentou desde nova o preconceito por ser travesti. Nos anos 1960, trabalhou como cabeleireira em Copacabana, até que 1966 estreou, no Teatro Dulcina, o primeiro espetáculo com homens vestidos de mulheres autorizado pela censura, em 1966, o "Les girls em Op Art". Contudo, durante a ditadura, Jane foi perseguida por realizar shows no Teatro Rival e na Praça Tiradentes.
Transsexual, Jane fez parte do musical 'Divinas Divas', que virou um documentário dirigido Leandra Leal. O projeto conta a história das primeiras artistas travestis do Rio de Janeiro e o teatro da família Leal, o Rival. Jane manteve união estável por mais de 50 anos com Otávio Bonfim, morto em 2018. O casamento foi oficializado em 2014, após 47 anos, em uma cerimônia coletiva.
Considerada uma figura importante na luta pelo respeito à diversidade, a atriz transexual tinha papel de destaque na Parada LGBTI de Copacabana, sendo responsável por cantar o Hino Nacional todos os anos a convite do Grupo Arco-Íris (GAI), organizador da manifestação. O coordenador do grupo, Cláudio Nascimento, lamentou que "morreu a grande diva da Cidadania e Cultura LGBT".
"Eu e Jane Di Castro tínhamos uma forte amizade, desde o fim dos anos 80. Sempre esteve comprometida com a nossas lutas por direitos. É a grande diva da Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro e integrante do Conselho Consultivo do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI", afirmou. "Jane deixa um enorme legado artístico que nossa comunidade precisará valorizar e divulgar".
O GAI decretou luto de três dias e pretende realizar uma homenagem virtual à atriz na próxima terça-feira (28), às 19h, e também uma cerimônia interreligiosa comunitária de sétimo dia para que os amigos, fãs e admiradores possam celebrar sua memória.
"Eu e Jane Di Castro tínhamos uma forte amizade, desde o fim dos anos 80. Sempre esteve comprometida com a nossas lutas por direitos. É a grande diva da Parada do Orgulho LGBT do Rio de Janeiro e integrante do Conselho Consultivo do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI", afirmou. "Jane deixa um enorme legado artístico que nossa comunidade precisará valorizar e divulgar".
O GAI decretou luto de três dias e pretende realizar uma homenagem virtual à atriz na próxima terça-feira (28), às 19h, e também uma cerimônia interreligiosa comunitária de sétimo dia para que os amigos, fãs e admiradores possam celebrar sua memória.
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