Publicado 30/10/2021 11:30
Rio - Após polêmicas, acusações de censura e premiações em festivais internacionais, o filme 'Marighella', dirigido por Wagner Moura e estrelado por Seu Jorge tem estreia marcada nos cinemas brasileiros: 4 de novembro. A história, baseada na biografia do guerrilheiro Carlos Marighella, conta parte do comando do grupo 'Ação Libertadora Nacional' e os conflitos entre o militante comunista Marighella e Carlos, pai e marido.
Durante a entrevista coletiva sobre a obra, na sexta-feira (29), Adriana comentou sobre como a história dos três foi apresentada. "Acho linda a história dessas duas mulheres, a minha pontualmente representada como Clara Charf, uma das avós de Maria e ela representando a outra avó. É de uma sensibilidade muito grande essa união dessas mulheres, o amor dessas mulheres", diz. "Contar essa história de amor foi muito honrosa para mim, olhar nos olhos lacrimejantes de Seu Jorge foi lindo", afirma.
Para ela, a história de Marighella representa muito para o país, e a pontua que é "bonito mostrar o amor. E o amor que Clara representa". Adriana, que conheceu Clara pessoalmente, contou que tem a sensação de que Marighella segue vivo. "Se você vai na casa dela [de Clara], Marighella está vivo na casa, dá a impressão de que ele irá bater a qualquer momento e tocar a campainha", contou.
Apesar de o filme ter sido lançado em 2019 em festivais, Adriana não teve a oportunidade de assistir a obra completa. Tanto, que ela disse que viu pela primeira vez na quinta-feira (28), no Rio de Janeiro e ao lado do filho Vicente, fruto do relacionamento com Vladimir Brichta.
"Levei meu filho de 15 anos para assistir. Quando terminou, ele não falou nada, estava sem palavras, mas disse: 'Queria te dizer que estou feliz de você estar aí'. Ele falar isso, eu fiquei muito feliz de ver que ele entende o quão importante é estar ali. Espero que todos que assistam entendam o quão importante é estar ali, naquele filme, esse é o meu patriotismo", diz.
Na coletiva, Maria Marighella trouxe um fato que comprova que a ditadura atravessou o elenco mesmo sem perceber. Vicente, filho de Adriana, é neto de Arno Brichta, professor perseguido pela ditadura militar. Ela contou que na sessão de gala de 'Marighella' na Bahia, Arno chorou de emoção por rever as torturas da ditadura.
"O avô de Vicente, Arno Brichta, quando terminou a sessão na Bahia, ele estava devastado porque ele foi preso por Fleury. Eu tenho insistido na tese de que nossas vidas foram radicalmente atravessadas pela ditadura. Todos nós somos sujeitos da história. A gente deve ver que são ecos, Vicente não viu o avô, mas é importante que ele sente o mesmo. Enquanto Vicente via a sessão no Rio, Arno estava devastado na Bahia porque foi preso por Fleury", contou.
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