Cleo PiresLucas Muylaert / Divulgação

Rio - Filha de Fábio Júnior com Glória Pires, Cleo, de 41 anos, nem sempre quis ser uma artista, pois via a imprensa invadindo a privacidade dos pais durante sua infância e adolescência. Mas a atriz e cantora carioca, que vai lançar em breve seu novo projeto musical, "Ecleotica", usa sua fama não só para trabalhos artísticos, mas também para conscientizar a população sobre temas importantes. Desde 2021, ela fala ativamente nas redes sociais sobre o seu diagnóstico de Tireoidite de Hashimoto e da descoberta tardia de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).
"Falar sobre o impacto dos diagnósticos de tireoidite de Hashimoto e TDAH é um processo de autorreflexão, ambas as condições me trouxeram desafios únicos e que me possibilitaram crescer e buscar uma forma correta de cuidar de mim mesma após os diagnósticos", explica Cleo.
De acordo com o Ministério da Saúde, a Tireoidite de Hashimoto é uma condição autoimune em que o sistema imunológico ataca a glândula tireoide, causando inflamação e sintomas como fadiga, ganho de peso, pele seca, queda de cabelo, depressão, alterações no ciclo menstrual (nas mulheres), entre outros. Já o TDAH é uma condição de neurodesenvolvimento, caracterizada por sintomas envolvendo desatenção, hiperatividade e impulsividade. Os sintomas começam na infância, mas podem ser diagnosticados posteriormente.
Enquanto o primeiro quadro levou Cleo Pires a ter uma relação mais equilibrada com os alimentos, o segundo resultou na busca por se conhecer e se entender melhor. De lá para cá, o resultado tem sido positivo: uma vida mais saudável, com mais autocuidado e com um olhar mais carinhoso para si mesma.
"A Tireoidite de Hashimoto, por exemplo, me ensinou a importância de cuidar da minha saúde. Aprendi a valorizar uma alimentação balanceada, exercícios regulares e práticas de autocuidado para manter minha tireóide sob controle. Ou seja, a descoberta da Hashimoto me incentivou a ter um estilo de vida mais saudável, equilibrando minha mente e corpo", detalha.
O exercício físico tornou-se uma parte ainda mais essencial da sua vida, especialmente devido ao TDAH. Segundo a atriz, as mudanças de hábitos em conjunto com uma rotina equilibrada são fundamentais para o seu bem-estar geral.
"Foi libertador entender que, por muito tempo, diversas situações que me deparei e sofri, na realidade, tinham uma explicação. Descobrir essa condição me ajudou a entender melhor minha forma de pensar e o mundo ao meu redor. Hoje tenho tratamento específico que me auxilia e busco me concentrar nas minhas paixões e não me cobrar tanto", comenta a artista sobre o diagnóstico de TDAH.
"Essas descobertas influenciaram minhas escolhas de vida de várias maneiras. Desde a forma como me alimento até as atividades que escolho realizar, tudo é pensado com o objetivo de promover o bem-estar físico e mental. Passar por todo esse processo me mostrou a necessidade de ser mais gentil comigo mesma, a aceitar meus limites e a celebrar minhas conquistas, por menores que sejam", complementa.
Processo de autodescoberta
Essa jornada de autodescoberta e cuidado consigo mesma também refletiu em sua relação com a imagem corporal. A atriz aprendeu a não se importar com as oscilações de peso e a lidar com as críticas externas de forma mais tranquila, focando em seu próprio bem-estar físico e mental. Além disso, Cleo encontrou na espiritualidade uma fonte de apoio e equilíbrio. Seu caminho artístico é uma forma de expressar suas experiências e emoções de forma autêntica, culminando em um processo de "ressignificação" constante em sua vida.
"Os diagnósticos foram essenciais para fazer com que eu entendesse o funcionamento do meu corpo. Com o TDAH, finalmente pude compreender porque certas tarefas eram mais desafiadoras para mim do que para os outros. Já a Hashimoto me ajudou a entender melhor a causa de alguns efeitos que ela causava e a estabelecer um padrão mais saudável nas minhas escolhas. Com certeza, mudou não só meus padrões, mas permitiu que eu me enxergasse de modo diferente", reflete.
Cleo avalia como fundamental a terapia, prática recomendada a todos durante o processo de diagnóstico. Ao longo dos anos, ela foi percebendo que o tratamento não se limitava a momentos de crise. "Ajuda a ter um crescimento pessoal, além de ser um local seguro para explorar nossos pensamentos e assim entender melhor como lidamos com as situações da vida. Um dos principais benefícios foi aprender a gerenciar os momentos de ansiedade e estresse e melhorar minha comunicação tanto comigo mesma como com as pessoas ao meu redor", destaca.
Para as mulheres que estão enfrentando um ou os dois diagnósticos, Cleo tenta tranquilizar. "Eu diria para ser mais gentil consigo mesmo e escutar seu coração e suas necessidades, a vida já é bem dura, e não precisamos nos pressionar ainda mais. O primeiro passo para ter uma vida feliz e saudável é começar enxergando a si com mais carinho e gentileza, complementado com hábitos saudáveis e buscando sempre priorizar sua saúde mental, pois a mente é o templo do corpo. E buscar apoio profissional e apoio das pessoas queridas que estão à sua volta", conclui.
Novo trabalho
Após o lançamento do seu primeiro álbum da carreira musical, Dark Pop, Cleo se prepara agora para o "Ecleotica". Nele, a artista quer mostrar ao público toda a sua versatilidade musical, além de suas diversas referências e inspirações. Por meio do repertório do projeto, que a cantora mantém em segredo, ela vai contar ao público sua história, seus medos, anseios e maiores desejos. Com toda sua multiplicidade, a artista diz que vai abrir o coração mostrando suas impressões sobre vida, morte, carreira, relações e amor.