Por tabata.uchoa
Rio - É possível odiar todas as pessoas durante todo o tempo? Difícil imaginar o desgaste emocional que esse tipo de postura pode provocar, não? Giulia Gam também tem convivido com essas dúvidas — e isso não ocorre por acaso. Desde que passou a interpretar a personagem Carlota, na trama exibida pela Globo às 18h, ela tem tentado conviver com alguém que conhece apenas um sentimento.
Em cenas da novela%2C a vilã Carlota não tem um minuto de alegria e paz%2C ela sente raiva o tempo todo e vive tramando contra as pessoasDivulgação

“Eu fico impressionada ao ver como ela sente raiva 24 horas por dia. Nunca conheci uma pessoa assim. É evidente que isso me cobra um preço emocional muito alto. Interpretá-la me desgasta demais, me violenta bastante. Encaro uma dificuldade muito grande neste trabalho em particular, porque não tenho essa agressividade dentro de mim. Encarnar a Carlota não é exatamente agradável — há um ódio enorme nela e acho que uma pessoa assim, que odeia tudo o tempo todo, possivelmente não existe. Não é um processo fácil, mas eu gosto demais de ver o resultado final. Tenho muita curiosidade de descobrir até onde essa mulher é capaz de chegar e o que ela vai fazer”, analisa.

A maneira como a história tem se desenvolvido também surpreende a atriz, sobretudo pela maneira como a novela, inicialmente voltada à análise de relações e desencontros, e também à velha dicotomia entre pobres e ricos, tão comum em folhetins, aos poucos ganhou contornos de mistério e até alguns elementos policialescos.
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“Agora todos querem saber quem é o Corvo, esse personagem que tem manipulado os acontecimentos da trama — eu mesma ainda não sei quem ele é. É engraçado ver como novelas, que são obras abertas, mudam no decorrer do tempo. O autor, aos poucos, altera suas ideias iniciais e vai adequando a história às afinidades que surgem entre os personagens e ao que o público mais gosta. É como se houvesse muitas novelas dentro de uma novela”, avalia Giulia.
A velocidade dos acontecimentos em cada episódio é um fator que tem chamado a atenção de quem acompanha a história — há quem diga que ‘Boogie Oogie’ tem uma linguagem muito mais próxima das comédias de situação da TV norte-americana que das usadas tradicionalmente em novelas. Giulia tem se mantido atenta a essa característica narrativa.
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“É claro que há uma preocupação com o aspecto psicológico de todos os personagens, mas vejo ‘Boogie Oogie’ como uma novela de ações. Os elementos da trama se movem de maneira veloz e muita coisa acontece em apenas um episódio. É preciso ficar atento para não perder nenhum detalhe.”
Ela diz ter boas lembranças do fim da década de 1970, época na qual a trama de ‘Boogie Oogie’ se desenrola. A memória da atriz retém com detalhes o surgimento da Disco Music, o sucesso de John Travolta por conta do filme ‘Os Embalos de Sábado à Noite’ e de um dos maiores sucessos televisivos daquele período: ‘Dancin’ Days’. “Lembro que tentava imitar os passos de dança da Sônia Braga e que usava algumas roupas parecidas com as dela. Era bem divertido”, recorda.
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Giulia garante não saber qual será o rumo a ser tomado por sua personagem a partir de agora, quando a trama, aos poucos, começa a entrar em sua fase mais aguda. “No fim, eu e o público temos algo em comum: só vamos descobrir exatamente quem é a Carlota quando a novela terminar. Até lá, ela vai ser uma descoberta diária, tanto para mim quanto para quem assiste a novela”, observa.