Rio - Para o diretor M. Night Shyamalan, tudo não passou de uma questão de paciência. Foi dessa forma que ele explicou por que demorou para decidir tocar um projeto televisivo — no caso, a série ‘Wayward Pines’, que estreará no Brasil, e em mais 125 países, no próximo dia 14 de maio, no canal Fox. Ontem pela manhã, ele participou de uma coletiva no evento Rio Content Market para falar sobre o projeto, escolhas artísticas e o funcionamento das indústrias da TV e do cinema nos Estados Unidos.
“Eu estava esperando pelo material certo, e esse roteiro tem um mistério muito bem construído, além de uma dose de humor. Quando li, pensei: ‘Posso fazer isso, sei como contar essa história.’ A série é um quebra-cabeça maravilhoso”, explicou o realizador, responsável por filmes como ‘O Sexto Sentido’, ‘Corpo Fechado’ e ‘A Vila’.
Na trama, o agente do serviço secreto Ethan Burke (Matt Dillon) investiga o desaparecimento de dois agentes federais na cidade de Wayward Pines, em Idaho. Logo após sofrer um acidente de carro, ele percebe que os habitantes do lugar guardam segredos estranhos e que resolver o caso vai ser bem mais complicado do que ele imaginava. O elenco é complementado por Melissa Leo, Terrence Howard, Juliette Lewis e Carla Gugino.
Shyamalan falou sobre o nível de excelência que as séries americanas alcançaram nos últimos anos e o quanto isso tem servido de atrativo para diretores consolidados no cinema.
“Muitas vezes, os chefes dos grandes estúdios têm uma certa dificuldade para aceitar histórias originais e interessantes. É um trabalho muito duro convencê-los. Ainda assim, conseguimos ver alguns trabalhos interessantes aparecerem, como ‘Cisne Negro’ e ‘A Rede Social’. Por sorte, a TV vem oferecendo boas alternativas. Além disso, fazer uma série de TV permite que nos aprofundemos mais na personalidade dos personagens. Veja, por exemplo, o caso de Walter White, em ‘Breaking Bad’”, cita o diretor, dizendo que foi a curiosidade sobre a televisão que o trouxe ao Brasil. “Queria ver como a TV influencia a vida das pessoas ao redor do mundo. Por isso estou aqui.”
Muitas vezes acusado de ser excessivamente esquemático em seus roteiros — quase sempre há uma reviravolta que irá levar a trama dos filmes escritos por ele a um ponto não esperado pelo público —, Shyamalan assume essa característica e também a defende.
“Usei essa abordagem em ‘Sexto Sentido’, ‘Corpo Fechado ‘ e ‘A Vila’, nem tanto nos outros filmes que dirigi. Mas admito que gosto disso. Eu amo ser surpreendido, gosto de reviravoltas na trama e imagino que o público também goste. É divertido ver quando alguma informação aparece e muda o curso da história.”