Por tabata.uchoa

Rio - O ano de 2015 foi especialmente gratificante no campo profissional para a diretora Cininha de Paula. Ela se dedicou intensamente à última temporada da série Pé na Cova, da qual é diretora-geral, que vai ao ar agora, às quintas-feiras na Globo, até 7 de abril, com a presença de Marília Pêra em todos os episódios. É que, mesmo frágil fisicamente, a atriz, que morreu em dezembro, encarou as gravações com devoção no papel da memorável Darlene. Além disso, Cininha voltou ao comando da Escolinha do Professor Raimundo, desta vez o remake, com um novo elenco, liderado por Bruno Mazzeo, filho de Chico Anysio, prestando homenagem ao time original do programa.

Marília Pêra está em todos os episódios da última temporada de 'Pé na Cova'Divulgação

Sobre o sucesso de Pé na Cova, de Miguel Falabella, que estreou em 2013 trazendo para o primeiro plano uma família fora dos padrões tradicionais, a diretora acredita no fator identificação do público. "De uma certa forma, todos nós nos identificamos, porque temos nas nossas famílias uma pessoa a ser tolerada e aceita", diz Cininha, em entrevista ao Estado, por telefone, do Rio. Para ela, a série é regida pela tolerância. "A família se tolera, com seus defeitos, suas qualidades, e tem uma coisa de estrutura familiar, de amor", pondera. "O amor vem à frente de qualquer das diversidades sexuais, de caráter, do alcoolismo, da doença mental. Isso pega qualquer classe social."

Cininha confirma que o protagonismo de Marília Pêra nessa reta final da série já era previsto por Falabella. "Ele sempre estruturou com muita antecedência o que ia fazer em cada temporada." E como foi para Marília esses últimos momentos de gravação? "Vou dizer uma coisa para você: é como se nada estivesse acontecendo, como se estivesse absolutamente normal como sempre foi. Dificuldade física às vezes, porque ela estava meio enfraquecida e com muita dor no quadril", lembra. "Ela é uma atriz tão intensa, tão boa - não consigo nem colocar no passado, a atriz está aí para todo mundo ver -, tão comprometida com seu trabalho que, para nós, não houve diferença nenhuma. A não ser no finalzinho, as dificuldades dolorosas de locomoção, mas que não influenciaram em absolutamente nada, nem na disciplina dela como atriz. E, quando digo disciplina, é porque nunca vi Marília Pêra esquecer uma linha, titubear ou deixar de entender algo que ela estivesse se propondo a fazer, isso em todos os trabalhos. Vejo ela muito inteira em tudo, o tempo todo "
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Já sobre o sucesso da nova versão da Escolinha do Professor Raimundo, que foi exibida no canal Viva no fim do ano passado e, até recentemente, nas tardes de domingo na Globo, Cininha o atribui em alta conta ao elenco, "o amor que cada um depositou em suas personagens, o carinho e a vontade de acertar para homenagear". "Já é 50% de acerto", diz. Cininha, que dirigiu o humorístico com seu tio Chico Anysio vestindo o jaleco do professor Raimundo, sentiu o peso do desafio com o remake. Primeiro se desafiar, ela diz, e depois achar as pessoas certas para fazer os personagens - e a semelhança física nem foi o fator preponderante para isso -, acertar os textos. "E dar coragem ao Bruno (Mazzeo) de se arriscar nisso, porque não é fácil, o elemento comparativo vem junto", afirma a diretora, que se recorda de ter chamado, por três vezes, Bruno pelo nome do pai durante as gravações, já que os dois ficaram muito parecidos como Raimundo Nonato.
E haverá uma nova temporada da Escolinha? "Vai ter, não sei quando nem quantos episódios nem quando vai ao ar. Existe essa vontade da Rede Globo e do Viva. Vamos começar a trabalhar para isso."
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