São Paulo - A TV aberta acaba de nos presentear com mais um dia para sentir vontade de comer assistindo a programas culinários. Nesta quarta, às 22h30, estreia o 'Top Chef', que vai reunir renomados chefs de cozinha para realizar provas para lá de saborosas na Record. À primeira vista, o programa lembra bem o conhecido 'Masterchef', que está em sua décima temporada na Band, mas tem uma proposta diferente.
Para começar, o novo programa não investirá apenas em receitas preparadas pelos competidores, mas também abordará conflitos e afetos construídos com a convivência, já que os participantes ficarão confinados em uma casa. "Mais do que nunca, a gente tem o fator reality nessa história. Eles tiveram uma convivência muito íntima entre eles", adianta Rodrigo Carelli, diretor do núcleo de realities da emissora.
Outro ponto importante, na visão do diretor, é que o apresentador escolhido para o programa entende tanto do assunto quanto os jurados. Felipe Bronze, que já tem experiência na TV fechada com o programa 'Perto do Fogo', é quem comandará essa aventura. Dono do restaurante Oro, que fica no Leblon, Zona Sul do Rio, o apresentador tem duas estrelas Michelin, sendo um dos poucos profissionais da gastronomia brasileira com tal reconhecimento.
No júri, o time também é forte e conta com Emmanuel Bassoleil, que tem mais de 40 anos de carreira e é o responsável, há 15 anos, pelas cozinhas do hotel Unique e do restaurante Skye. O cozinheiro é francês e tem um sotaque bem carregado, que até lembra Erick Jacquin, jurado do 'Masterchef'. Quem estará ao lado dele nessa missão é a jornalista Ailin Aleixo, que escreve sobre gastronomia há 15 anos e, em 2009, criou um dos principais sites sobre o assunto, o 'Gastrolândia'.
Uma curiosidade é que os três já passaram pela cozinha do 'Masterchef' como convidados em dias de provas especiais. Ailin, por exemplo, já consegue notar diferenças entre as atrações e o tamanho da responsabilidade quando se está para valer, em todos os dias de gravação, julgando participantes.
"Aqui é a nossa alma, acompanhamos tudo, é muito diferente fazer uma participação pontual como jurada", diz ela, que teve dificuldade ao encarar esse trabalho logo no início. "Tem sido uma escola para mim fazer uma crítica cara a cara não é como fazer uma escrita. O desafio, no 'Top Chef', é fazer a pessoa melhorar e não deixar ninguém mal com as observações", completa a especialista, que promete falar no programa exatamente o que diria em uma mesa de restaurante quando gosta de um prato ou reprova alguma escolha do cozinheiro.
O confinamento
Logo de cara, parece complicado imaginar um reality culinário em que os participantes ficam confinados, mas Carelli acredita que esse é o verdadeiro tempero do 'Top Chef'. "Tudo que os participantes queriam era não estar ali o tempo todo. Os cozinheiros geralmente são pessoas discretas. Então, tem a barra alta, o jeito de a gente pegar os depoimentos. E os conflitos podem ser vários", afirma o diretor.
Segundo ele, esses atritos não são necessariamente barracos, mas acabam fazendo a diferença na narrativa do reality. Entender o que cada um passa antes das provas, por exemplo, é importante para o público e soma no roteiro do produto televisivo. "Não é só treta. Tem emoção, estresse. Os conflitos são em relação ao que acontece no programa e podem ser pessoais ou podem ter a ver com amizades que se criam com a convivência", explica.
Felipe ainda lembra que em mais de um momento, durante as gravações, aconteceu de um amigo contar para o outro o que estava pensando em fazer para impressionar os jurados e teve sua ideia roubada. "E aí? Como é que essa amizade ficou depois?", provoca o apresentador, despertando curiosidade ao lembrar que até entre os jurados aconteceram desentendimentos.
"Enxergamos a cozinha de maneiras diferentes. Eu tenho tendência a valorizar a criatividade, já o Emmanuel a execução. Ailin gosta de entender a ideia e sempre busca olhar para o participante pelo outro lado da mesa", conta ele, que apesar de tudo vê o amor pela cozinha como um fio condutor que liga os participantes aos jurados. "O confinamento não existe para provocar confusão, as coisas acontecem naturalmente", completa.
Provas
O apresentador e os jurados prometem exigir muito dos participantes com provas complexas e de alto nível. Segundo Felipe, da mesma forma que os cozinheiros serão desafiados a fazer receitas ensinadas por familiares, eles terão de reproduzir pratos de restaurantes renomados. Tudo sempre será uma surpresa e a dificuldade varia muito de prova para prova, mas a cobrança sempre será pela perfeição.
Produzido pela Bravo Media LLC, distribuído pela NBC Universal e licenciado pela Floresta, o formato foi criado nos Estados Unidos em 2006 e já foi adaptado para mais de 20 países, incluindo França, Itália, Portugal, Espanha, Holanda, Canadá e México. A cozinha da Record, no entanto, foi a que recebeu mais investimentos.
Para atrair o público e ter um retorno significativo, a emissora até apostou em um glossário durante as edições para explicar o significado de palavras usadas no meio gastronômico. A ideia não é fazer apenas com que todo mundo entenda o que é falado, mas promover conhecimento com a exibição dos episódios. Para Carelli, não há dúvidas que essa será a cozinha onde haverá mais disputas e será reconhecida como a mais importante do país.
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