Djamila Ribeiro no 'Roda Viva' - Reprodução
Djamila Ribeiro no 'Roda Viva'Reprodução
Por O Dia
Rio - Djamila Ribeiro participou do programa "Roda Viva", exibido pela TV Cultura na noite desta segunda-feira, e disse que "o Brasil foi fundado em cima do sangue negro e indígena". 
"Muitas vezes, no Brasil fica muito no repúdio moral contra o racismo. Então, uma pessoa muito conhecida sofre um ataque racista, as pessoas vão para as redes sociais e falam: 'nossa, em pleno século 21 o Brasil ainda é racista'", iniciou. 
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"Então falta muitas vezes ao brasileiro o entendimento do racismo como uma estrutura, a investigação sobre a origem social das desigualdades e de romper com essa visão que ficou, infelizmente, muito popular no Brasil porque foi feita para uma elite intelectual", concluiu. 
Para ela, o ativismo negro foi "fundamental para a eleição de Biden e Kamala Harris" nos Estados Unidos. "A organização de muitas mulheres negras em cadastrar eleitores negros é inegável no próprio mapa. O quanto pessoas negras votaram mais nessa chapa democrata. Não que a gente acredite que isso vai ser a grande solução, ficou todo um debate nas redes de dizer que isso não ia mudar a realidade, mas a gente percebe que tem um valor simbólico da Kamala ser uma mulher afro-americana, a primeira vice, mas também não é necessariamente um lugar para o Biden, mas sim contra o Trump".
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Djamila afirmou que o voto não foi um apoio a Joe Biden mas sim contrário ao que Trump representa. "Era importante tirar o Trump, um presidente fascista, um presidente que defendia a supremacia branca. E não que há uma identidade nessa mobilização negra em relação à vitória dos democratas. Mostra como a organização desses movimentos foi fundamental na eleição dos EUA".
Durante o programa, Djamila também afirmou que existe uma construção social de que a mulher negra deve ser "forte e guerreira", mas que isso só acontece por "omissão do poder público". "A gente tem que ser forte porque o estado é omisso. Naturalizar uma pretensa força da mulher negra é negar as violências sistêmicas às quais elas são vítimas historicamente. Esse lugar de mulher negra forte faz com que mulheres negras tomem menos anestesia, sejam menos tocadas no pré natal".
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Djamila também falou sobre a situação do Amapá, que sofre com a falta de energia elétrica desde a semana passada. "Por mais que o conselho nacional já tenha alertado sobre a precarização do que acontece no Brasil, é um povo que vem sofrendo com uma série de questões, ainda mais com a invisibilidade".