Publicado 29/05/2021 07:00
Rio - O "Prêmio Sim à Igualdade Racial", promovido pelo Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), acontece neste sábado e promove encontros emocionantes entre artistas como Elza Soares, Agnes Nunes, Ludmilla, MC Carol, Gloria Groove, Brô MC’s, entre outros. A premiação, que reconhece os principais nomes que atuam em prol da igualdade racial no país, será exibida pelo Multishow, a partir das 16h30, e conta com apresentação de Jéssica Ellen, de "Amor de Mãe", do rapper Xamã e da cantora Majur.
Xamã é só empolgação em sua estreia como apresentador. Além disso, o cantor também comemora a oportunidade se apresentar com Majur e Jéssica Ellen. "Tive o prazer de conhecer pessoalmente os Brô MC's, e vamos inclusive gravar um som juntos. Foi incrível também poder me apresentar com a Majur e a Jéssica Ellen, fizemos um som do Tim Maia. Eu nunca vou esquecer desse momento, espero que eles me convidem novamente", diz o cantor, que explica sua identificação com o prêmio. "Minha mãe é negra, meu pai é indígena e eu não o conheci. É muito importante dar voz a todos que não têm essa oportunidade".
Uma das vozes mais ativas na luta antirracista no Brasil e criadora da premiação, Luana Génot ressalta a importância do evento e explica que é necessário retratar pessoas negras não só em pautas de luta e violência, mas também em pautas positivas.
"Em 2021, quase não há programas de entretenimento com pessoas negras na grade da TV brasileira. Continuamos contando a dedo, ainda não há indígenas. O prêmio é muito importante não só para nos fortalecermos nesta representatividade, mas pela necessidade de expandirmos narrativas negras e indígenas através de projetos propositivos, para além das narrativas de tristeza, violência e subalternidade como tradicionalmente somos retratados no nosso país. Somos seres complexos que não se definem só pelas lutas e dores".
MC Carol fala da importância da representatividade e conta que sempre sofreu preconceito por ser negra e gorda. "O Prêmio Sim à Igualdade Racial está dando visibilidade a quem nunca teve. Eu sempre digo que o funk nos salvou. Na primeira vez em que subi em um palco, deixei de me sentir invisível. O palco é o melhor lugar do mundo, pois as pessoas estão me olhando. Ninguém quer ser invisível", diz a funkeira, que também fala da necessidade de se combater o racismo na indústria do entretenimento.
"É preciso combater o racismo da indústria, mas não só o racismo. A questão do gênero, da gordofobia... Eu sofro vários tipos de preconceito, direta e indiretamente. E eu não sei nem qual é o pior. Mas para mim, como uma mulher preta e gorda, ver uma mulher do mesmo segmento tendo muito mais visibilidade do que eu, com muito menos conteúdo, é triste. Tem que ter mulheres pretas e mulheres gordas nas novelas, na música, no funk, nas premiações, nas revistas. No Miss Universo, que aconteceu recentemente, não tinha uma mulher com um corpo normal. É como se a gente não fosse bonita também. Temos que ocupar todos os espaços".
"A melhor forma de se manifestar enquanto antirracista é sendo antirracista, é tendo atitudes antirracistas. Colocando pessoas pretas nos seus espaços. Um mundo que não entende todos os corpos, não entende a diversidade étnica, não é um mundo real. Nós [a premiação] estamos conectando pessoas, saberes, conhecimento, oportunidades para as pessoas pretas e indígenas, que são as minorias aqui no Brasil. As coisas estão mudando, sim. Mas ainda não é o suficiente", concorda a cantora Majur.
"Tem que acontecer uma reforma na estrutura que a gente tem. E aí eu falo de tudo: empresas, redes sociais, meios de comunicação", finaliza.
A premiação
Com 10 categorias divididas entre os pilares de educação, empregabilidade e cultura, a premiação reconhece pessoas, empresas e organizações que são agentes da mudança na questão da igualdade racial. As indicações aconteceram nos meses de janeiro e fevereiro de 2021 e o Instituto recebeu mais de nove mil nomes e projetos.
"Desde 2018, quando o prêmio surgiu, até este ano, nós já recebemos mais de 40 mil indicações. No ano passado, com a nossa estreia do evento sendo virtual, nós tivemos mais de 30 milhões de visualizações da premiação na nossa página do Facebook. Este ano promete ser ainda mais especial!", diz Luana Génot.
"Essa exibição reforça a missão do canal de entregar para o público conteúdos audiovisuais que, além de entreterem, cumpram um serviço social por meio da conscientização e criação de espaços de diálogo sobre temas importantes, como o racismo", explica Tatiana Costa, diretora do Multishow.
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