Fernanda Nia fala sobre 'Um Lugar Entre Cometas': 'Amo escrever para o público jovem'
Na obra, três adolescentes ficam amigos quando partem em busca do mesmo objetivo: conseguir o autógrafo de sua autora favorita durante a passagem dela pelo Brasil
Virando A Página
Tábata UchoaRio - A autora carioca Fernanda Nia, de 23 anos, sempre foi aficionada por livros e histórias em quadrinhos. E foi essa paixão que deu o ponto de partida para o livro "Nosso lugar entre cometas", lançado pela editora Plataforma 21. Na trama, os protagonistas Lorena, Gabriel e Stefana se aproximam em busca do mesmo objetivo: conseguir encontrar a autora Cassarola Star durante a passagem dela pelo Brasil. Mas, em meio a essa aventura, os amigos também acabam passando por um processo de autoconhecimento e descobrindo mais sobre si mesmos.
Fernanda conta que os eventos literários são ótimos lugares para fazer amigos e, por isso, decidiu ambientar a história em uma dessas convenções. "Foi a partir de tudo o que vi em minhas próprias experiências como leitora e autora que decidi contar a jornada desses três personagens, Lorena, Stefana e Gabriel, que, na busca de um autógrafo de sua autora favorita, encontram também as respostas sobre quem realmente são", explica. A autora revela que gosta de escrever para adolescentes e jovens e que se sente recompensada por incentivar a leitura.
"Amo escrever para o público jovem, pois minha própria experiência como leitora nessa época ainda é muito vívida em mim", diz a autora. "Gosto de escrever as histórias que eu sei que amaria naquela época. Não descarto a possibilidade de escrever para adultos no futuro, até porque o que vale é a história que eu sentir que preciso contar, independentemente do público, mas também acredito que muitos livros sobre jovens e que conversam com jovens não são necessariamente restritos a eles, pois as histórias têm muitas camadas e adultos também podem ler e se sentir tocados", garante.
A obra pode ser considerada uma homenagem a todos que já fizeram amigos por conta dos livros e da literatura. Fernanda lembra com divertimento que sempre "coagiu" os amigos a ler. "Minha vida foi construída por leituras sendo compartilhadas entre amigos. E de duas formas diferentes: a tradicional, em que eu fazia amigos por gostarem dos mesmos livros que eu e por estarem inseridos no mesmo contexto literário, e a forma 'coercitiva', em que eu tinha amigos que não liam tanto mas eu os obrigava a lerem mais à base da insistência", diz Fernanda, aos risos. "Hoje, meus maiores amigos são leitores ávidos tanto quanto eu, e me sinto abençoada por isso", completa.
Em "Nosso lugar entre cometas", os protagonistas são apaixonados pela fictícia série de livros "Cometas das Galáxias". Fernanda conta que também algumas séries literárias favoritas. "Já tive muitas séries favoritas ao longo dos anos, e elas vão mudando conforme eu mesma mudo, de acordo com meus momentos de vida. Mas por mais que a metamorfose aconteça, e meus favoritos construam palácios inteiros em mim, para desmoronar e virar pó, as memórias de que amei muito aquilo naquela época permanecem. Posso nem lembrar como era a história, nem ter certeza de que gostaria dela se fosse hoje, mas fica aquela lembrança gostosa de que a Fernanda de outrora a amou de forma infinita enquanto durou, à moda de um Soneto da Fidelidade de Vinícius de Morais. Já aconteceu com séries da Meg Cabot, da Cassandra Clare, do Tolkien, tudo o que eu lia muito na adolescência", explica.
Escritora, ilustradora e publicitária, Fernanda também é autora de "Mensageira da Sorte", seu primeiro romance, que também saiu pela Plataforma 21. Ela conta que o sucesso parece repentino, mas sua carreira já tem mais de 10 anos. "O lançamento de um livro é sempre uma experiência incrível! Foram muitos anos de trabalho para chegar até aqui - comecei minha carreira autoral há mais de dez anos, publicando no site de tirinhas e pequenos textos 'Como eu realmente' -, então o momento de enfim compartilhar uma nova história com o mundo é sempre uma grande sensação de dever cumprido, misturada à ansiedade de descobrir em quem a história chegará, em como as pessoas serão tocadas", afirma.
"A carreira autoral trilha um caminho por muitos altos e baixos, com anos de trabalho em silêncio, então meses em evidência com a divulgação de algo novo, acelerando e diminuindo com as críticas e os amores dos leitores, as incertezas e as empolgações do próprio autor. Felizmente, já participo do meio editorial como autora há tempo suficiente para ter acumulado alguma experiência para lidar com tantas emoções. Me sinto honrada por ver meus livros chegando a tantas pessoas e só tenho a agradecer pela leitura", completa.