Alexia Dechamps
 - Thais Monteiro
Alexia Dechamps Thais Monteiro
Por BRUNNA CONDINI | brunna.condini@odia.com.br

Rio - Ela é a cara deste ensaio. Alexia Dechamps, que além de atriz é ativista, vestiu looks de marcas de moda sustentável para mostrar que é possível desfilar linda por aí e ainda contribuir para um mundo melhor.

"Topei na hora fazer. Fico feliz de saber que o Mateus Solano é um dos donos de uma das marcas, a Muda. Mateus é um dos colegas que ajudam nas causas animais", conta. "Hoje, tento comprar mais coisas recicláveis. Tudo que vesti é bonito, uma delícia de usar".

Segundo especialistas, o conceito de moda sustentável pode ser definido por processos de produção que não são prejudiciais ao meio ambiente. Feita por marcas que se preocupam com a origem dos materiais que usam e também com as condições de trabalho da mão de obra que confecciona suas peças.

Alexia conta que adota hábitos em prol da sustentabilidade na sua rotina e que preza também pelo conforto ao se vestir. "Tenho preguiça de salto, de me arrumar. Se tenho que me produzir mais, Ok, mas quero estar confortável", afirma a atriz, que foi modelo no passado e ícone de elegância.

ATIVISTA

Em constante movimento, ela divide seu tempo hoje entre o teatro está em cartaz até 25 de novembro com a peça 'Senhora dos Afogados', de Nelson Rodrigues, no Teatro XP Investimentos, no Leblon e a luta pelas causas animais. "Encontrei uma missão. Salvou a minha vida. Costumo dizer que sou atriz de profissão e uma ativista de alma".

O amor pelos bichos vem de berço. "Sou filha da minha mãe, né? Minha casa em Búzios (ela foi criada lá) tem de tudo: gatos, cachorros, tartarugas. Sou filha da dona Renata Dechamps, cresci no entorno da natureza. Ela foi, junto com o Gabeira (o jornalista, político e ativista Fernando Gabeira), uma das fundadoras do Partido Verde", recorda.

E foi num momento difícil da vida que a vocação para ajudar os animais se fez presente. "Numa época, tive uma crise que durou três anos, uma tristeza profunda. Pensava: 'não vim nesta vida a passeio'. Precisava descobrir qual era a minha missão", conta. "Entreguei essa pergunta para o universo, e os sinais começaram a vir: eram os animais".

RESGATE

A atriz lembra ainda que o trabalho começou com a denúncia do tráfico de animais silvestres. "Atuo de muitas formas. Dou dinheiro, arrumo lar temporário, encontro adotante. Ajudo nos abrigos, denuncio canis clandestinos. Trabalho com o Congresso, ajudo os deputados a fazerem leis. Faço literalmente de tudo", lista. "Ajudo também a Luisa Mell como posso. Acho ela extremamente atuante", revela Alexia, que trabalha pelos direitos dos animais desde 2002.

Em setembro, ela participou de um grande resgaste de uma ursa (Marsha), em Teresina, Piauí. "Foi difícil. Tudo durou um ano e meio. O resgate em si, 72 horas, num avião da FAB. Foram horas de voo num avião cargueiro. Fomos eu, Luisa Mell, o pessoal do Rancho dos Gnomos, a Carol Mourão, de Brasília, da Confederação dos Animais, que começou essa ação. Se Deus quiser, essa é a primeira de muitas", diz.

"Esses animais são descartados dos circos. Essa ursa vem de uma família de ursos siberianos. Foram parar num circo no Maranhão, animais do frio. Quando são descartados, o Ibama procura zoológicos que possam recebê-los. Obviamente que não é o ideal, o Ibama também não quer mandá-los para o Piauí, ou para o sertão do Canindé, mas é onde o zoológico pode receber. É um animal de grande porte, precisa de jaula grande. Aí vão parar nesses lugares que não são o ideal de temperatura para eles. É muito sofrimento, passam a vida em sofrimento", denuncia.

Apesar da militância, a atriz admite que é contra extremismos. "Sou vegetariana, mas vou pelo caminho do meio, em tudo na vida. Sobre alimentação, tento conscientizar, mas não sou radical. Nem comigo mesma sou. Só que existe oferta de alimentação em que não precisamos matar bicho. Defender a causa animal dá uma dignidade. Pedimos a libertação, o fim da escravidão animal. Tenho certeza de que estes seres são de luz, porque eles são puro amor. E quem disse que esses animais vieram na terra para servir a gente?", questiona.

ENTREGUE

Aos 50 anos, a loura completa 27 de carreira. "Comecei em 'O Dono do Mundo' (1991). Gilberto Braga (o autor) foi meu padrinho", lembra.

Longe da TV desde a série 'Verdades Secretas' (2015), na Globo, Alexia passou os últimos anos nos palcos do país. "Emendo uma peça na outra há três anos. Quis ficar independente da TV, que gosto muito de fazer, mas é instável. Quis construir uma carreira solo e foi através do teatro. Além do que, lá é a grande faculdade do ator", observa. "O teatro é fundamental para você se aprofundar. É a alma do artista. Estou aprendendo todos os dias".

No entanto, Alexia não descarta uma volta à TV, em breve. "Andamos conversando. Sou uma atriz disponível. Amo a TV, comecei lá. Fiz muita coisa. Agora que fiz muito teatro também, volto diferente, mais amadurecida. Hoje, sonho com abundância profissional. E, quem sabe um dia, ter dinheiro para montar um santuário. Estou feliz com este momento", diz.

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