Neiva Nascimento - Cirque Du Soleil - fotos Divulgação
Neiva Nascimento - Cirque Du Soleilfotos Divulgação
Por BRUNNA CONDINI

Rio - Na curta temporada que o espetáculo 'Ovo', do Cirque Du Soleil, faz na cidade — até 31 de março na Jeunesse Arena, na Barra da Tijuca —, o público assiste a uma montagem com a assinatura da companhia com sede no Canadá, mas com um 'DNA brazuca'. Trata-se da primeira vez que um trabalho do Cirque é dirigido por uma mulher, a coreógrafa brasileira Deborah Colker. "O espetáculo apresenta o mundo dos insetos com ênfase no movimento constante e nas cores", diz Deborah sobre o trabalho.

Além da veterana coreógrafa, em 'Ovo', que tem 50 integrantes de 14 países diferentes, outra brasileira vem brilhando. Neiva Nascimento, que encarna a Lady Bug, uma joaninha, é a primeira brasileira a protagonizar a produção inspirada na cultura do nosso país, com trilha musical que passeia pela bossa nova, samba, xaxado e funk.

Neiva conta que foram anos esperando a realização do sonho. "Minha história com o Cirque começou na década de 1990, quando assisti a um espetáculo e me apaixonei por eles", lembra. "Aconteceram audições aqui em 2004, e fui aprovada. Fiquei aguardando durante 10 anos. Em 2014, me chamaram para fazer este espetáculo. Na hora, não acreditei. Minha estreia foi no Japão, do outro lado do mundo".

FILHA DE PEIXE

Neiva nasceu no município de João Neiva, no Espírito Santo, e vem de uma família de artistas circenses. "Nasci no circo, meu pai era palhaço e trapezista. Tenho dois irmãos malabaristas, que estão no circo até hoje, em Estocolmo. E meus pais são instrutores na Escola Nacional de Circo".

Ela garante que valeu a pena esperar uma década para integrar a trupe. "Era meu sonho. Neste período, fui me aprimorando, atualizava meu cadastro com eles anualmente. Acreditei que meu lugar estava guardado lá", conta.

"Tive muito apoio da minha família também. Lembro que, quando passei na audição em 2004, eles falavam que a espera podia durar dias ou anos. Cada ano que passava, eu pensava: 'vão ligar! Acreditei'. E quando ligaram, achei que era trote e não atendi o número estranho. Foi quando abri meu e-mail e vi que eram eles. Eu quase desmaiei".

Neiva Nascimento - Cirque Du Soleil - Divulgação

DEDICAÇÃO

A realização do sonho vem junto com trabalho duro. A artista tem uma rotina bem puxada, mas não reclama. "Faço com os outros dois palhaços, que atuam comigo, condicionamento físico, pilates, aula de inglês, atuação com os outros artistas, músicos", lista. "Trabalho cerca de 12, 15 horas, de terça-feira a domingo. Mas é muito prazeroso. Gosto porque estou representando o circo. E ainda estudo pessoalmente para me aprimorar. Tenho que estar com a mesma capacidade como acrobata, atriz e palhaça", diz.

PLURALIDADE

Nas apresentações mundo afora, Neiva recebe bem mais do que cumprimentos e admiração pelo trabalho. "As pessoas vêm falar comigo, tem essa coisa da representatividade. Até me emociona. Quando percebem que sou brasileira, ficam surpresas. Recebo muito carinho. Falam do meu carisma. Dizem que sou leve como a joaninha, as crianças ficam encantadas", vibra. "Muitos jovens vêm perguntar como cheguei no Cirque, e eu conto minha história. Digo que eles gostam de selecionar os brasileiros pela versatilidade e reconhecem o talento de cada um. Trabalham com todos os perfis. Negros, gordos, magros, pessoas mais velhas. O protagonista de um dos espetáculos tem 71 anos, e temos um palhaço de 80. Tem gente do mundo todo. É maravilhosa essa diversidade".

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