Rio - Superar dificuldades e encarar desafios são realidades que unem as quatro personagens da série documental 'Elas Só Estão Começando', lançada pela plataforma de streaming PlayPlus em parceria com a ESPNW. Os cinco episódios mostram as histórias de Aline Silva, Mônica Otero, Priscila da Silva Lourenço e Sabrina Martins. Machismo e desigualdade social são temas recorrentes na vida das mulheres, marcadas pela prática de algum esporte como forma de encarar estes monstros. Aline Silva, de 32 anos, é uma estrela de wrestling, conhecida como luta greco-romana. Nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, realizados há duas semanas, ela foi prata. O pódio lhe rendeu também o título de maior medalhista brasileira na categoria em Pan-Americanos. Na carreira vitoriosa, Aline teve que lidar com a ideia de que o esporte que ela pratica "não é feminino". Com a série, a atleta vê uma possibilidade de "inspirar outras mulheres". Para ela, as meninas precisam ser vistas nas práticas esportivas. "Privar meninas do acesso ao esporte por causa do machismo afeta nossa formação, condição financeira, reconhecimento e patrocínio das atletas, que está condicionado à visibilidade. Em esportes considerados masculinos, a visibilidade não é igual para homens e mulheres. Nós temos que conquistar muito mais títulos que homens para sermos reconhecidas", comenta. Outra participante do documentário é Mônica Otero, de 63 anos. Depois de aceitar o convite de um amigo para uma prova de corrida e aventura, ela não parou mais. Hoje, é ultramaratonista e já cruzou os desertos de Mojave, nos Estados Unidos, e do Saara, na África, que é considerado o mais quente do mundo. Mãe e avó, Mônica conta que aprendeu a se valorizar através das maratonas. "Fiz novos amigos, viajei por países que nunca imaginei. Conheci desertos quentes e frios, um privilégio, uma nova vida. Quero deixar este exemplo para o meu amado neto. Nunca é tarde para nada na vida", diz a maratonista. Os esportes com bola ficam por conta das atletas Priscila 'Magic' e Sabrina 'Sassá'. Priscila atua como educadora de crianças de 6 a 15 anos no Instituto Barrichello. Outra frente de atuação dela é o Magic Minas, coletivo feminino que luta em prol da ocupação de espaços públicos livres para a prática do basquete em São Paulo. De acordo com a atleta, poder contar a história de seus projetos em uma série documental é "fora de série". "Trabalhar pelo outro é recompensador. Alguém me vê e fala: 'Vamos contar a história desta preta aí'", celebra. FUTURO Sassá, de 16 anos, é jogadora de futebol do Santos. Acostumada a disputar quadras com meninos, ela é firme ao dizer que não se vê em outra carreira a não ser o futebol. Em tempos de Marta, cinco vezes melhor jogadora do mundo pela FIFA, o futuro é onde Sassá mira. "As meninas que estiverem na base precisam ter vontade, querer de verdade. É como a Marta falou: 'Chorar agora para sorrir depois'. Não teremos para sempre uma Marta ou Cristiane. A gente tem que querer ainda mais do que elas, temos que ter vontade de estar jogando e correndo atrás dos nossos sonhos", diz. Patricia Julianelli, que divide a direção da série com Chico Gomes, defende o documentário como uma maneira de apoiar mulheres nos processos de liberdade. "Que aquela dona de casa que vive para os outros encontre no esporte o seu momento. Que a menina acima do peso perceba que corpo de esportista é corpo com saúde. Que a garota da comunidade enxergue no esporte um novo caminho para o sucesso", afirma.