Rio - Chegou a vez de falar do Outubro Rosa. O mês, marcado pela conscientização da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, também é um momento de revelar histórias de força e luta de muitas mulheres. Focado em fortalecer mulheres que passam pelo tratamento oncológico, o Instituto ZENcancer reuniu pacientes que desejam trabalhar o autoconhecimento e praticar atividades que elevem o bem-estar, como a yoga restaurativa.
Ainda em tratamento, Adriana Correia, de 50 anos, comemora a existência do projeto depois do difícil diagnóstico do câncer de mama. "Eu senti uma tristeza profunda. O chão fugiu dos meus pés, mas logo contornei a situação com força, fé e esperança. Iniciei com a yoga e, aos poucos, fui fazendo outras terapias. Foi libertador para a minha mente sofrida e meu corpo doente. Aprendi a conversar com minhas células e acalmar o meu coração", conta a aposentada, que revela que as forças para lutar vêm com o apoio da família, dos amigos e da vontade que ela sente de viver.
Na fase do controle — quando o paciente está fazendo só exames após o tratamento —, Valquíria Arantes, de 65 anos, disse que virou "um peixe fora d'água" após o diagnóstico pelo medo de deixar filhos e netos desamparados caso morresse. "Depois, coloquei nas mãos de Deus e levei numa boa. E, além disso, o ZENcancer me trouxe muita felicidade. E, depois que eu comecei a fazer os exercícios, fiquei muito mais relaxada e quase não tomo mais remédio para dor. Quando acaba a aula, já fico contando para chegar a próxima semana para participar de novo. Estou amando. Gratidão sempre", conta Valquíria, que está aposentada e participando do projeto há quatro meses.
Gravidez
Depois da cirurgia e das sessões de quimioterapia e radioterapia, Carolina Rique, de 39 anos, passou por uma experiência peculiar quando descobriu o câncer. "Eu estava grávida de quatro meses quando recebi o diagnóstico, então acho que isso definiu a forma como encarei tudo. Acho que a loucura de hormônios e alegria de estar esperando meu segundo filho me deram esperança, alegria, fé e amor para passar por tudo. Resolvi me preocupar e sofrer só com o que realmente estivesse acontecendo e não com o que estava por vir ou por coisas que ouvimos ou ficamos sabendo", conta a servidora pública, que diz que o câncer a colocou em contato com a vida de verdade.
Para Carol, as atividades no instituto ajudaram-na a passar por esse processo. "O ZENcancer foi fundamental para que eu passasse por tudo tão bem e trouxesse meu pequeno à vida com tanta saúde e cercado de tanto amor. Lá, fiz yoga restaurativa, que é algo indescritivelmente maravilhoso e diversas terapias, como acupuntura, homeopatia, mindfulness, constelação familiar, cura prânica, massagem, palestra sobre nutrição oncológica e participei de grupos de psicologia positiva e de comunicação não-violenta. Tudo isso me ajudou a me manter em contato com a alegria natural que está dentro de mim, a manter o equilíbrio nos momentos mais difíceis do tratamento e fez com que eu sentisse minha verdadeira natureza", revela.
Esperança
Em março, Claudia Gomes, de 55 anos, descobriu um câncer de ovário e foi operada imediatamente e seguiu para o ciclo de seis sessões de quimioterapia. "Quando soube do diagnóstico, eu achei que ia morrer em 15 dias. Tomei um susto enorme", conta a professora de teatro. Depois das primeiras sessões de quimioterapia, no entanto, Claudia conheceu o ZENcancer através de uma palestra e se apaixonou de cara pela iniciativa. "Perguntei para a Luciana (Lobo, fundadora do instituto) se eu podia conhecer o projeto na semana seguinte. Fui e, depois disso, nunca mais faltei às aulas de yoga. Isso me ajudou a me equilibrar e saio de lá outra pessoa. É uma coisa que deixa a gente centrada e muito acolhida: é como um colo de mãe", declara.
Ainda de licença no trabalho, Claudia se prepara para entregar os exames à sua médica para descobrir se o tratamento realizado até então foi eficiente. Nesse meio tempo, ela não tem se deixado abater. "Hoje, eu me sinto muito mais feliz do que me sentia há anos. O câncer fez com que eu me descobrisse. Agora, faço as coisas que gosto. Inclusive, criei o 'Careca Zen', um canal no YouTube que reflete a minha história e mostra a importância de levar a vida com serenidade durante o tratamento do câncer. Estou me sentindo produtiva e isso tem sido maravilhoso", comemora.
Todas as atividades citadas nesta reportagem são gratuitas e abertas a quem se interessar. O projeto é realizado em espaços de atendimento no Humaitá, em Botafogo e na Barra da Tijuca. Mais informações no site do Instituto ZENcancer: institutozencancer.com.br/.
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