Na casa da artista plástica Laura Toledo, os filhos, hoje já adultos, tiveram diferentes problemas na coluna agravados pelo uso de mochilas pesadas. A menina passou parte da infância e início da adolescência com uma vértebra defeituosa, em formato de borboleta. Já o menino desenvolveu desvios na postura que chegavam a causar, inclusive, um pouco de falta de ar. Ambos fizeram fisioterapia, se dedicaram a exercícios e ficaram curados.
Dor de cabeça antiga para os pais de crianças em fase escolar, o peso das mochilas é assunto recorrente quando se trata da saúde das crianças. O ortopedista pediátrico Jamil Faissal Soni, coordenador do curso de Medicina da PUCPR, explica que o uso inadequado das mochilas pode acarretar em dores na região da coluna vertebral. "Do ponto de vista do desvio, ainda não há evidência que cause escoliose ou outras deformidades. Entretanto, colabora com a má postura e dores na coluna", alerta. Além disso, lembra o médico, o peso da mochila além do recomendado — que não deve ultrapassar 10% do peso corporal da criança — pode provocar eventuais dores na região dos quadris e joelhos.
Já o ortopedista infantil Alessandro Felix explica que o peso em excesso nas costas pode gerar distensões musculares e problemas para a vida toda, com patologias como hipercifose (ombros projetados para frente e o dorso arredondado), hiperlordose (aumento na curva lombar), escoliose (desvio na coluna vertebral), entre outras dores lombares ou contraturas. "Costumo sugerir as mochilas com rodinhas, pois facilitam o transporte. Mas a altura da haste para carregá-la deve ser observada e ajustada à altura de cada criança. Se não tiver como ter essa, as alças da mochila comum devem ser colocadas nos ombros, na parte das costas, e nunca carregadas em um só lado", pontua.
Outro problema que tem chamado a atenção dos profissionais de saúde é o uso exagerado de celulares e tablets. Sobre esses, Faissal esclarece que o uso excessivo e inadequado dos aparelhos pode causar dor na região do pescoço (cervicalgia) ou, ainda, distúrbios visuais. "No pescoço, uma nova síndrome têm sido descrita, a chamada 'pescoço de texto'", comenta.
A fisioterapeuta Nivia Meliunas, especializada em fisioterapia neurológica infantil e que também atua na área da fisioterapia ortopédica infantil e da adolescência, diz, ainda, que permanecer por muito tempo na mesma posição, como quando jogam videogames ou assistem TV, também deve ser evitado. "A coluna da criança está em formação. Portanto, posturas erradas e viciosas podem levar à deformidades, como cifoses dorsais, escolioses e até mesmo dores crônicas no pescoço", enfatiza. Para diminuir a chance de trauma, os pais devem orientar os pequenos a sempre sentarem com a coluna apoiada, mantendo o quadril alinhado. "Já quando usarem tablets e afins, a forma como a criança vai segurar e olhar para o aparelho é o mais importante sob o posto de vista postural. O ideal é manter os braços apoiados, cabeça para frente e olhar no centro da tela", complementa.
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