Filme 'Domingo' estreou em 2019 e deu a Ítala Nandi o prêmio de Melhor Atriz no Festival do Rio de 2018. - Divulgação
Filme 'Domingo' estreou em 2019 e deu a Ítala Nandi o prêmio de Melhor Atriz no Festival do Rio de 2018.Divulgação
Por Lucas França

Rio - Trabalhos no teatro e cinema se misturaram ao longo dos 60 anos de carreira da atriz Ítala Nandi. No livro dela, 'Milagres' (Ed. Pimenta Malagueta, 180 págs, R$ 45), a mesma ideia de união está presente ao longa das páginas, que chegam ao leitor em meio a brincadeiras entre o real ou fictício. O livro reúne 12 contos inspirados nas andanças da autora nos bastidores de novelas em que atuou. A obra, quarta publicada por Ítala, surge do desejo dela de escrever uma literatura mais "fantástica".

"Sempre gostei desse caminho. Tenho outros contos que são relatos mesmo. A coisa do escrever me fascina muito, assim como a interpretação. Não sei nem dizer o que gosto mais, de ser atriz ou escrever. As pessoas me perguntam qual o conto verdadeiro. É muito legal, o conto mais fantástico as pessoas acham que é o real", brinca a autora.

Além do livro, escrito em português e italiano por influência da família paterna, a atriz está em alta com o filme 'Domingo', lançado em outubro de 2019. O longa está em cartaz no Cine Joia, em Copacabana, e no Instituto Moreira Salles, na Gávea. Dirigida por Fellipe Barbosa e Clara Linhart, a comédia conta a história de uma família da elite gaúcha. O papel da burguesa Laura rendeu a Ítala o prêmio na categoria de Melhor Atriz no Festival do Rio de 2018. Segunda a atriz, a personagem que interpreta é representante "de uma classe social mentirosa, enganadora, que não tem perspectiva, que não sabe o quer da vida".

Arte e vida

Ítala acredita que o filme chegou ao público em um "momento no qual a profissão é ameaçada por um pensamento retrógrado e ignorante". A atriz de 78 anos é opositora deste tipo de ideia, que ela considera dolorosa. Primeira mulher a fazer um nu frontal na história do teatro brasileiro, na peça 'Na Selva das Cidades', em 1969, com o Grupo Oficina, Ítala defende a arte feita de maneira livre.

"Em momentos de repressão, a arte e o artista se fortalecem. A arte é alma de uma nação e eu vejo, hoje, uma coisa muito feia no ar", afirma

Seja na escrita, seja na atuação, Ítala se deixa levar pelas questões do feminino. Ela cita as atrizes Leila Diniz e Fernanda Montenegro como mulheres de referência na sua trajetória de luta e trabalho.

"Eu e Leila Diniz lutamos pela libertação da mulher. Éramos espontâneas e falávamos a verdade. As pessoas ficam impressionadas até hoje com o desejo que tenho de que as mulheres tenham mais direitos. Estou bem ativa. Vejo isso na Fernanda Montenegro, minha amiga. Estar na minha faixa etária com essa disposição me deixa feliz, forte para uma nova luta", diz Ítala.

 

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