Thais Carla - Reprodução
Thais CarlaReprodução
Por Gabriel Sobreira

Rio - Já falaram que você não é capaz de fazer algo e você mostrou exatamente o oposto? A dançarina e militante da causa plus size Thaís Carla, 28 anos, está bem acostumada com isso. "Dizem que pessoas gordas não podem trabalhar e não são pessoas de grande sucesso. Mas nunca botei isso na cabeça de que 'não sou capaz por ser gorda'. Pelo contrário, vou ser sim do jeito que eu sou e vou conseguir tudo que quero na minha vida. Tento passar isso para as pessoas", frisa ela, que diariamente compartilha entre os fãs (767 mil seguidores no Instagram e 482 mil inscritos no YouTube) palavras de estímulo à autoaceitação. "Nunca imaginei que ia ser uma voz que representasse tanta gente", comemora ela.

Quebrando tudo

Em 2009, a dançarina ganhou o quadro 'Se Vira nos 30', do 'Domingão do Faustão'. Depois, ficou quatro anos no extinto 'Legendários', da Record TV. Fora da TV, ela tem se dedicado à dança e, principalmente, à internet, onde tem faturado com parcerias de trabalho. "A renda que (recebo) da internet é maior do que a dança", comemora Thaís, que começou a investir nas redes sociais apenas esse ano a pedido do marido, Israel Reis.

"Esse mercado de influência digital é meio que cruel. Tem que ter um 'perfil' para trabalhar. Geralmente não aceitam pessoas gordas porque não é o 'perfil', porque não é muito exemplo a fazer. Mas tenho percebido que outras pessoas gordas têm feito o mesmo e está maravilhoso. Espero que o mercado cresça cada vez mais. Os consumidores de hoje querem ver gente como eles, e não gente que não 'existe', o 'padrãozão'", diz ela, que não revela os ganhos, mas diz estar bem feliz. "Não trabalho para milhões de pessoas/empresas, mas para as que trabalho, elas gostam e vão renovando", comemora ela, que já fez parcerias com marcas como Avon, Natura e é embaixadora da Salon Line.

Anitta

Mesmo assim, nem tudo é um mar de rosas. "O que nos limita não é a gordura e sim a gordofobia. Sofro preconceito (risos) e acho que isso vai ser até o fim da minha vida. Mas tenho esperança de que a gordofobia seja criminalizada", torce a ex-bailarina de Anitta por quase dois anos.

A Poderosa, inclusive, faz coro e reforça o pensamento de que não apenas a gordofobia, como qualquer outra forma de discriminação, precisa ser combatida. "Dar espaço é o mínimo que podemos fazer. Como meu trabalho envolve uma exposição, acredito que trazer para o palco gente talentosa como a Thais é também uma tentativa de conscientizar a todos sobre a diversidade e aceitação de si próprio, muitas vezes. Sempre quis contribuir para tirar qualquer minoria que habita nesse lugar 'invisível' que a sociedade insiste em colocar", defende a cantora.

Cleo Pires e Preta Gil

Thais comemora o fato de Cleo Pires e Preta Gil serem também vozes que estimulam a aceitação e encorajem mulheres a se amarem como são. "A Preta sempre foi taxada de gorda a vida inteira. Não acho nem a Cleo, nem a Preta gordas. Mas para o padrão que existe na nossa sociedade, essa obrigação estética que a gente tem, esse perfil, elas acabam sendo 'gordas'. Acho maravilhosas elas falarem do jeito delas, do corpo delas, tiveram transições, bem bacana elas falarem sobre isso", vibra.

Roupas

Quando o assunto é roupa, Thais explica que isso já foi um problema, já que antigamente não tinha muita opção plus size. Hoje ela consegue comprar roupas também por trabalhar com algumas marcas e alertá-las sobre a necessidade de uma fração do público. "Eles falam que não vende, mas é mentira, eu sei que vende. A moda plus size só vai até 54, às vezes 56. Eu visto 60. E quem veste mais do que eu? Infelizmente ainda são poucas as marcas que vendem para esse público. Dá para contar na palma da mão", lamenta.

Propostas de cirurgia

Mesmo com toda autoconfiança e discurso afiado, vira e mexe Thais recebe algumas, segundo ela, nada a ver. "Já me procuraram médico, personal trainer dizendo que eu deveria fazer dietas, malhar, que eu ia ficar sarada. Nem respondo. Isso não tem resposta. Se a pessoa está me oferecendo isso é porque não conhece o meu trabalho e não sabe quem sou eu", frisa a dançarina.

Maternidade

Mãe de Maria Carla, de dois anos, Thais está grávida de quase cinco meses. "O sexo do bebê será revelado no dia 26 desse mês durante um chá de revelação", adianta ela, aos risos. "Estamos todos bem curiosos", confessa. Quando questionada sobre o atual peso, a jovem desconversa. "O médico e eu decidimos que, dane-se o peso. Estou saudável. Não faço ideia mesmo", jura ela, que é adepta da prática de esportes.

"Faço de tudo um pouco. Caminho na praia, às vezes nado, malho sempre, danço, faço pilates, hidroginástica. Sempre fui do esporte e da vida ativa. Só depois que fui mãe, que fica um pouco mais complicado, pois a prioridade é a Maria, mas consigo fazer tudo que quero, sair com as minhas amigas, passear. A Maria é uma criança muito de boa, dá para levá-la para qualquer lugar", derrete-se apaixonada.Thais revela que a chegada da cegonha não foi planejada. Tanto na primeira, quanto na segunda gravidez. "Nada na minha vida é planejado. Só abraço o que Deus me dá", diz.

A fluminense revela que acreditava ter dificuldade para engravidar novamente. "Estava muito mais pesada e um pouco mais velha. Não estava com uma rotina tão saudável como tinha antes. Aí achei que o corpo não fosse querer. E acima de tudo, sempre temos nossas dúvidas. Não me deixo abater por elas, mas somos seres humanos", destaca.Para essa segunda gestação, a dançarina fez "sacrifícios" em nome de uma gestação mais tranquila, saudável e com maior qualidade para ela e o(a) bebê. "A minha alimentação mudou bastante da primeira para essa gestação. Estava com a vida bem desregrada. Não tinha hora para comer, nem para dormir. Por exemplo, já não como fritura, parei de tomar refrigerante e praticamente não como doce", revela ela, que abre exceções no fim de semana. "Saio para comer pizza porque a gente não é de ferro", diverte-se.

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