Laura Pessôa com a carteira pronta para ir para a Disney
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Laura Pessôa com a carteira pronta para ir para a Disney Divulgação
Por O Dia

Rio - Laura, 11 anos, já viajou para outros países, mas em Orlando será a primeira vez que ela mesma vai pagar o que consumir. Para as férias na Disney, a menina juntou mil dólares ao longo de dois anos com a mesada que ganha do avô.

"Ela recebe em torno de 250 reais por mês, sendo que parte vai para a previdência privada, pois expliquei a importância da aplicação, e a outra fica para ela gastar com o que quiser. Quando começamos a planejar a viagem, há uns dois anos, conversamos sobre conter gastos até lá. E aí ela começou a economizar para para comprar o que quiser", conta a mãe Debora Pessôa. "Desde muito pequena ensino para ela sobre a importância de poupar. Atualmente, ela já consegue entender o poder de compra que o dinheiro dela tem e a necessidade de priorizar o que realmente precisa ou deseja muito", complementa.

Educação financeira é um assunto importante a ser abordado com toda a sociedade, até mesmo com as crianças. Não é à toa, inclusive, que as instituições de ensino precisaram adequar suas grades curriculares, incorporando a matéria até este ano, conforme as normas da BNCC - Base Nacional Comum Curricular. Afinal, ainda que atualmente não precisem lidar diretamente com contas e planilhas de gastos, ao crescerem não terão para onde fugir. E se tiverem uma melhor noção de finanças, o risco de entrar em endividamentos desnecessários será menor.

Para a professora de Educação Financeira Luciana do Rocio, dar mesadas para os filhos é uma boa maneira de ensinar sobre finanças pessoais. Pois ajuda a criança a ter um contato real com o dinheiro desde cedo, já que precisará aprender a gastar e dar prioridade ao que realmente precisa.

"A partir dos cinco anos, no jardim-de-infância, esta questão já deve ser trabalhada. Nas minhas aulas, por exemplo, eu monto uma pequena cidade com os alunos. Fazemos simulações sobre os gastos, mas também trabalhamos como devem poupar o dinheiro imaginário. O importante é criar situações cotidianas, que os pequenos consigam associar à realidade de suas famílias. Para os menores, ensino, ainda, quantas semanas e quantos meses há no ano, para a criança conseguir relacionar o mês com certa quantidade de dinheiro. Dessa forma, eles começam a associar o que recebem dos pais ao que querem comprar, como lanches na cantina da escola, brinquedos, ingressos de cinema e teatro etc", pontua.

Paulo Palma, professor de Educação Financeira e autor da pesquisa ‘Educação financeira: importância e aspectos de um saber em livros escolares de ensino médio’, realizada em parceria com a PUCPR, lembra ainda que o valor a ser recebido pela criança, adolescente ou mesmo adulto precisa ser entendido. “Ela jamais pode acreditar que está ganhando, ela tem que perceber que está conquistando. Dar mesada, ou qualquer valor que seja, para quem quer que seja, sem ensinar o valor intangível daquilo que foi recebido, estimula o consumismo. E consumismo é uma prática que leva as pessoas a sérios problemas financeiros”, diz.

Além de ensinar o porquê do valor da mesada e simular situações em que as crianças precisarão definir onde poupar ou gastar, outra dica válida é apresentar, a partir dos seis anos de idade, termos financeiros como ‘caderneta de poupança’, ‘boleto de pagamento’, ‘carnê’ etc. “Os professores também devem aproveitar a relação das crianças com o comércio para relacionar com os problemas de Matemática, sempre dando exemplos reais de lucro e prejuízo”, conclui Luciana.

 

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