A neuropsicóloga Bárbara Calmeto e seu paciente Luis Gustavo - Arquivo pessoal
A neuropsicóloga Bárbara Calmeto e seu paciente Luis GustavoArquivo pessoal
Por O Dia
Rio - No próximo dia 2 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, data criada para levar mais informações para todos acerca do tema. Embora avanços sobre o assunto sejam cada vez mais frequentes, a forma como a sociedade lida – especialmente com as crianças –, infelizmente, ainda é cercada de preconceito.
A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, especialista em Educação Especial e diretora do Autonomia Instituto, explica que, antes de tudo, é importante dizer que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença mental. “Define-se como doença aquilo que abrange fatores como risco de morte, degradação dos órgãos internos e degradação física. Já o autismo classifica-se como sendo um transtorno do desenvolvimento. Inclusive, estudos com evidência científica mostram que ele tem causa prioritariamente genética e é um transtorno do neurodesenvolvimento, ou seja, a pessoa já nasce autista”, pontua.
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Outro pensamento comum sobre indivíduos com TEA é de que eles "vivem reclusos no seu próprio mundo" e isso não é verdade. A dificuldade de socialização existe, em maior ou menor grau dependendo da pessoa. Porém, muitas pessoas com autismo gostam de abraços, de convívio social, de estar com as pessoas. A principal diferença é uma redução do comportamento social de maneira geral quando comparado com pessoas da mesma faixa etária. "Muitas vezes, o repertório restrito de assuntos para conversação ou um desequilíbrio sensorial prejudicam muito a interação social. Por isso, é de suma importância que os pais trabalhem as potencialidades da criança autista desde cedo, assim como incentivem a melhorar a comunicação e interação social", explica a neuropsicóloga.
Denise Aragão, fundadora do Grupo Mundo Azul, autora do livro 'Eu, Meu filho e o Autismo: Uma Jornada Inesperada' e do blog 'Papo de Mãe', lembra, ainda, que inúmeras visões equivocadas são divulgadas ao longo dos anos como verdadeiras, o que também contribuiu para a construção de uma imagem errônea, totalmente oposta da realidade, sobre os autistas. Além disso, ela revela que é possível encontrar no próprio seio familiar, o preconceito enraizado. "O combate à discriminação inicia justamente dentro de nossos lares, junto aos nossos familiares. A inclusão é uma via de mão dupla e, ao contrário do que muitos pensam, beneficia a todos aqueles que fazem parte do processo, aprendendo sobre empatia e também a compartilhar".
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Mas é preciso dizer que os últimos anos também foram de grandes avanços e conquistas. Houve a promulgação da Lei Federal 12.764, em que o autista passou a ser reconhecido como Pessoa com Deficiência; a criação da Lei Brasileira de Inclusão, que trouxe conquistas importantes em relação à inclusão escolar, saúde e educação; pesquisas na área médica que mostraram que, no autismo, cada caso é diferente, ou seja, os indivíduos são únicos e devem ter um tratamento individualizado; e a mudança no critério diagnóstico com o DSM-V 2013, que ampliou o leque de tipos de autismo – inclusive, classificando casos leves como Síndrome de Asperger.
“Quanto mais a sociedade tiver conhecimento sobre o assunto e mais contato com pessoas autistas, menos preconceito teremos”, conclui Bárbara. E Denise complementa: “Devemos sempre ter em mente que a melhor forma de lidar com o próximo, independentemente de quem seja, é com respeito, amor e empatia”.