Denise Leão Suguitani, fundadora e diretora executiva da ONG Prematuridade.com  - Divulgação
Denise Leão Suguitani, fundadora e diretora executiva da ONG Prematuridade.com Divulgação
Por Priscila Correia
Rio - A área de Saúde costuma associar cada mês do ano a campanhas que têm como objetivo chamar a atenção para determinados temas. E este mês é a vez do Novembro Roxo, que joga luz em um tema extremamente sensível: a prematuridade - segundo a OMS, somente no Brasil são mais de 340 mil nascimentos de bebês nessas condições por ano, o que faz o país ser o 10º com mais partos prematuros no mundo. E para debater o tema, durante todo esse período, a ONG Prematuridade.com, única instituição do País de apoio aos bebês prematuros e suas famílias, realizará uma série de atividades com foco em informação, educação e acolhimento. Este ano, a campanha terá como slogan “Juntos pelos prematuros, cuidando do futuro”.
Hoje, a prematuridade é a maior causa de mortalidade infantil no mundo - no Brasil, 12% dos bebês que nascem são prematuros. Segundo Denise Leão Suguitani, Fundadora e Diretora Executiva da Associação Brasileira de Pais de Bebês Prematuros (ONG Prematuridade.com), embora os hospitais e médicos da rede pública e privada do Brasil estejam prontos para informar aos pais sobre como proceder com seus filhos, é importante que sejam treinados e capacitados de forma diferenciada para esse atendimento e para a orientação do pós-alta, já que esse bebê precisará ser acompanhado por uma equipe para evitar possíveis sequelas de saúde.
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“Dependendo do número de intercorrências, do grau de prematuridade, essa criança poderá ficar com sequelas para o resto da vida ou durante a primeira infância. Por isso, toda equipe interdisciplinar que atende o prematuro no hospital – fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicólogo, nutricionista, enfermeiras, técnicos de enfermagem etc –, têm que receber um treinamento não só técnico, mas também de acolhimento, de humanização, para que possam fazer orientações antes da alta. É preciso deixar bem claro para essa família que o bebê precisará ser acompanhado, no mínimo, até os dois anos de idade. Até essa idade, essa criança precisa ter um acompanhamento interdisciplinar, de preferência em um ambulatório de segmento para prematuros, para que a intervenção precoce aconteça e evite qualquer dano ou sequela de médio a longo prazo na saúde do bebê”, comenta.

Uma informação que muitas vezes causa dúvida nas pessoas é sobre o tempo que o bebê prematuro deve ficar no hospital - é considerado prematuro um bebê que nasce abaixo de 37 semanas de gestação. Como os pulmões são os últimos órgãos a se formarem, a maioria dos prematuros têm desconforto respiratório e precisa de um suporte de oxigênio. Desta forma, alguns utilizam esse suporte por uns dias e vão para casa - mas quanto mais prematuro, maior a chance da hospitalização ser maior.

Outro fator que também determina essa ida para casa é o número de intercorrências sofridas pelo bebê. “Há muitos bebês que nascem de 35 ou 36 semanas e já saem da maternidade com os pais. Por outro lado, há bebês que nascem de 37 semanas, chamados de prematuros limítrofes, que podem se atrapalhar um pouco para respirar ou para mamar e acabam internados na UTI por algum motivo”, esclarece Denise. E continua: “é bem diverso, mas é obvio que quanto mais prematuro, abaixo de 32 semanas e os prematuros extremos, mais prolongada será a internação. Não há um tempo certo para o bebê ir para casa. Em geral, isso acontece quando o bebê está clinicamente estável, quando consegue se alimentar e respirar sem ajuda. Ou seja, quando o médico avalia essa ‘independência’, normalmente libera para ir para casa”.

Prematuridade e COVID-19
A incidência de bebês prematuros já é um problema bastante concreto no Brasil e no mundo e é claro que a pandemia tornou esse quadro ainda mais complexo. Para a fundadora da ONG Prematuridade.com, a apreensão das mulheres grávidas, das mães de prematuros e dos profissionais de saúde quanto à infecção pelo vírus é legítima, mas o efeito colateral de uma decisão extrema, como a de faltar a uma consulta do pré-natal ou restringir a presença dos pais na UTI Neonatal, pode levar a um agravamento contundente de casos e do quadro geral da prematuridade.
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Não é exagero dizer que algumas decisões podem custar a vida do bebê e da própria mãe, além de quadros de ansiedade, estresse e depressão, comuns na prematuridade e agora mais frequentes durante o período da pandemia. “Mesmo com o distanciamento social, é importante pensarmos estratégias para garantir o vínculo e o melhor desfecho possível para o bebê e para a família. As gestantes precisam realizar o pré-natal. Os prematuros precisam da presença dos pais. Esses pequenos são mais vulneráveis, e podem ficar com diversas sequelas. Precisamos adequar o combate ao coronavírus a essa realidade, ressaltando a importância do acompanhamento da gravidez, da manutenção de consultas dos bebês, de manter a vacinação das crianças em dia e da extrema importância da presença dos pais ao lado do prematuro sempre que possível”, pondera.
Para quem quiser buscar mais informações sobre a relação entre a Covid-19 e a prematuridade, pode acessar https://docs.google.com/document/d/15eHQMCTtRuN9vo5wl04a1Ac-wzEusaS5k6Z8nTooPEo/edit

Novembro Roxo
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Durante o Novembro Roxo, a ONG Prematuridade.com vai realizar uma série de ações que vão envolver e beneficiar as famílias com bebês prematuros, os profissionais de saúde, instituições e parceiros interessados, além de autoridades e personalidades envolvidas de alguma forma com o tema. E entre as instituições que serão representadas no evento, estão o Ministério da Saúde, a APAE, a AACD, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Segurança do Paciente.

Para Denise, há um trabalho forte de conscientização a fazer junto à sociedade como um todo durante o ano inteiro, mas novembro é uma oportunidade única e especial para evidenciar ainda mais o tema da prematuridade. “O sonho de ser pai ou mãe envolve inúmeras emoções e expectativas, principalmente o desejo de uma criança saudável. Mas se esse bebê nasce prematuramente, é nosso dever enquanto sociedade garantir que ele receba o atendimento mais adequado e que seja acolhido com muito amor, para que tenha todas as condições para uma rápida e plena recuperação. Novembro Roxo é sobre isso: é sobre acolher a vida e cuidar do futuro”, explica.
Para saber mais sobre a agenda dos eventos, que vão acontecer nos dias 8, 14, 15, 17, 20, 21 e 28 de novembro, acesse youtube.com/ongprematuridadecom, facebook.com/prematuridade e/ou instagram.com/ongprematuridadecom. É importante lembrar que, diante ao cenário de pandemia, boa parte das ações será realizada online.

E uma última e não menos importante informação: um prematuro pode se desenvolver normalmente e ser uma criança 100% saudável. O importante é propiciar um ambiente onde ele tenha chance de se desenvolver de maneira adequada.