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Controlar uma criança em relação ao videogame já é algo difícil, mas em tempos de pandemia, mais ainda. É preciso estar atento não apenas aos riscos de hackers ou pessoas mal intencionadas que possam conversar com os pequenos enquanto jogam. A postura, sim, também deve ficar na mira dos pais e responsáveis. Para Emerson Garms, coordenador de Ortopedia do Hospital Santa Catarina, algumas orientações devem ser seguidas para uma brincadeira sem danos, como colocar um apoio adequado para as costas e cabeça e, de preferência, uma almofada com colo para apoiar o celular ou videogame; fazer pausas no jogo, pois muitas horas sem parar podem levar a dores crônicas, principalmente nas costas; e praticar atividades físicas nos intervalos ou como alternativa ao jogo online.
“Há, ainda, o risco de desenvolver LER (Lesão por Esforço Repetitivo), principalmente nos punhos e mãos (tenossinovites), por conta dos movimentos repetitivos em excesso. Sugerimos no máximo uma hora de jogo direto, e, se exceder esse tempo, que haja intervalo de 30 minutos entre um jogo e outro, no mínimo. É importante lembrar, também, que videogame em excesso pode causar alterações de hábitos alimentares, como perda de apetite e troca de horários das refeições”, pontua o médico. Já sobre jogos tipo Xbox e Wii, que induzem o jogador a se movimentar o tempo todo, Garms diz que, se forem utilizados sem excessos, podem, sim, ser benéficos, pois estimulam movimentos, se tornando bons exercícios.

O também médico Juliano Fratezi, especialista em coluna e membro da Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), esclarece, ainda, que passar muitas horas jogando pode levar as crianças a apresentarem dores na cervical e na lombar, mesmo com 9, 10 anos de idade, situação que não era vista há algum tempo. “A partir de 30 minutos em uma posição inadequada, o corpo humano já sente os efeitos dessa sobrecarga. Em tempos de pandemia, no qual o isolamento é necessário e o videogame acaba sendo o escape de muitas crianças e adolescentes - ainda mais com aulas virtuais -, um jeito é indicar a necessidade de pausas dentro desse período, para que eles alonguem o corpo e mudem de posição”, complementa. E mais: além das dores na coluna, pode ocorrer, ainda, algum tipo de desconforto respiratório devido à pressão sobre a caixa torácica exercida pela má postura.
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Em tempo: mais importante que apenas se basear na classificação etária, é que os pais joguem com seus filhos e conheçam os jogos. “O vídeogame não é babá, mas um artefato artístico, cultural, interativo, e bem mais interessante e efetivo do que deixar uma criança passivamente na frente da TV, assistindo jornal ou novela fora de sua faixa etária. Mas mesmo sendo um bom divertimento para as crianças, é necessário que os pais conheçam o que seus filhos estão consumindo e contextualizem as situações do jogo”, conclui o coordenador da PUCPR.