Violência contra a mulher tem números alarmantes durante a pandemia - Divulgação
Violência contra a mulher tem números alarmantes durante a pandemiaDivulgação
Por O Dia
Nesta quarta-feira, 25 de novembro, o mundo celebra o Dia Internacional Para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas e reforça a importância do tema. Mas essa é uma luta diária de todas nós. Todo dia é dia de combater as agressões, estupros, feminicídios, entre outras várias formas de violência contra a mulher.

A partir desta data, uma Campanha Mundial pelos Direitos Humanos das Mulheres sugere 16 dias de ativismo no combate à violência contra as mulheres. Este período vai de 25 de novembro até 10 de dezembro, quando se comemora o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, também contempla outras datas importantes como o 1º de dezembro - Dia Mundial de Combate à Aids, 6 de dezembro - Massacre de Mulheres de Montreal e 10 de dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Esse ano, essa mobilização se torna ainda mais importante. As medidas adotadas por causa da pandemia e a situação de isolamento tiveram como efeito um aumento nos casos de violência contra a mulher no mundo todo. De acordo com dados da ONU, o confinamento levou a aumentos das denúncias ou ligações para as autoridades por violência doméstica em 30% no Chipre, 33% em Singapura, 30% na França e 25% na Argentina. O Brasil registrou 648 feminicídios no primeiro semestre de 2020, 1,9% a mais que no mesmo período de 2019, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

No Rio de Janeiro, um time de delegadas faz um papel importante nesse combate à violência contra a mulher. O Estado disponibiliza Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (DEAMs), onde elas são acolhidas e os casos são tratados de forma especial.

- O atendimento nas DEAMs é especializado, acolhedor, humanizado, com uma escuta ativa, permitindo que a mulher se sinta protegida e à vontade para relatar todos os fatos ocorridos, sendo direcionada para uma rede de proteção, que inclui centros com atendimento psicológico e assistencial, defensoria pública para prestar assistência judiciária gratuita, encaminhamento com prioridade para atendimento hospitalar e ao IML, além de auxílio policial para a retirada dos pertences pessoais da residência – explica a delegada Fernanda Fernandes, da DEAM de Duque de Caxias.

É importante reforçar que em briga de marido e mulher a gente pode e deve meter a colher! Qualquer pessoa pode denunciar. Existem diversos canais como os telefones 197 (Secretaria de Polícia), 190 (Polícia Militar para situações emergenciais), 180 (Central de Atendimento à Mulher), 2253-1177 (Disque-Denúncia), o registro on-line na própria rede, ouvidorias do Ministério Público, canais do Tribunal de Justiça, entre outros.

- Dificilmente uma mulher sairá do ciclo da violência sem ajuda e tratamento. O ciclo da violência não tem fim e quando tem, é com o feminicídio. Há dados de que mais de 70% das mulheres que morrem, vítimas de feminicídio, já sofriam violência antes, sem registro de ocorrência, sem procurar qualquer ajuda. Por isso, procure ajuda antes que seja tarde demais. Há uma rede de proteção para essa mulher. Ela não está sozinha. Juntas, conseguiremos retirá-la do ciclo da violência. É preciso que a sociedade entenda que violência contra a mulher não é um problema da vítima, mas sim de toda a sociedade – explica Fernanda.

Essa rede de enfrentamento no RJ já vem dando resultados. Esse ano, de janeiro a setembro, nas 14 DEAMs do Estado, foram 9.109 inquéritos concluídos, 368 prisões e 201 autorias de estupro solucionadas.

- A Lei Maria da Penha deve ser aplicada por inteiro, ela fala em proteção, prevenção e punição. Nesses 14 anos da lei o que avançamos foi apenas na punição. A violência contra a mulher é uma violência que precisa ser combatida em vários âmbitos e as políticas públicas precisam ter um caráter efetivo – explica Sandra Ornellas, diretora do Departamento Geral de Polícia de Atendimento à Mulher do RJ.

A diretora reforça ainda quais são os novos tipos de crimes e fala sobre o atendimento especial oferecido na Delegacia da Mulher.

- Notamos um aumento considerável em crimes como a divulgação de vídeos íntimos, chantagem, ameaças on-line. Nosso objetivo é que elas se sintam acolhidas. As mulheres chegam envergonhadas, achando que elas são as responsáveis pela violência e a gente disponibiliza uma equipe de pessoas que são capazes de entender aquele momento - explica Sandra.

A delegada deixa ainda um recado importante para todas as mulheres que enfrentam esse problema.

- Que a mulher não tenha vergonha de dizer que está passando por uma situação de violência, que não tenha vergonha de pedir ajuda. Todas nós mulheres já sofremos algum tipo de violência. Mas às vezes, só mais tarde percebemos. Para a gente, mais importante do que aplicar uma pena e prender o agressor é que a mulher seja capaz de romper esse ciclo de violência. Que ela seja consciente que ela é mais importante e muito maior do que qualquer violência que esteja sofrendo - finaliza Sandra.