Publicado 25/09/2021 08:00
Olá, meninas!
Aproveitei que hoje (25) é o último dia da Semana Nacional de Trânsito e decidi trazer para nossa coluna um pouco da live que tive o prazer de mediar, na última quarta-feira (22), transmitida pelo YouTube e Facebook do jornal O Dia, com três mulherões. Ao contrário do que diz aquela velha expressão (e bem antiquada, vamos combinar, né?), essas especialistas não param o trânsito... fazem fluir - e com muita segurança. Nós conversamos sobre as peças-chave para o funcionamento de uma grande metrópole como o Rio de Janeiro. E as mulheres têm uma grande parcela de contribuição neste processo.
A gerente de Mobilidade Urbana da Fetranspor, Eunice Horácio, destacou um ponto interessante. “As mulheres tendem a ter mais empatia, então a gente vê esse reflexo no trânsito. Já o homem tem um comportamento mais agressivo e se arrisca mais. A gente percebe isso no comportamento do sinal amarelo, por exemplo. O homem tem uma tendência de tentar avançar; a mulher já fica mais na dela, tenta sempre ser mais cautelosa. Isso a gente percebe nas estatísticas de acidentes com fatalidades, as mulheres não se envolvem tanto”.
Quem também participou do bate-papo foi a Juliana Costa, assessora-chefe de Gestão e Modernização do Detran. Ela ajudou a implementar um programa pioneiro em todo o Brasil, que cria ações e serviços voltados para o público feminino do estado do Rio de Janeiro, o Detran Mulher. Para Juliana, “além de mais cautelosas, as mulheres conseguem perceber mais os detalhes. E isso influencia o número de acidentes. Cometemos menos infrações, o que modifica todo o cenário do transporte. Eu vejo isso no dia a dia”.
Eunice, que também é professora de Engenharia de Tráfego no CEFET, destacou a mudança da forma de agir no momento em que motoristas e pedestres invertem os papéis. “Quando a gente fala do condutor, independentemente de ser homem ou mulher, o comportamento modifica muito. E a gente percebe o quanto o pedestre acaba sendo um lado frágil dentro do nosso viário. E o condutor está em um lado de empoderamento, porque está protegido”.
A conversa também teve a presença da Glória Heloiza Lima da Silva, subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, que tocou numa questão muito chata, presente no nosso cotidiano. O machismo, que fica ainda mais evidente no trânsito. Afinal, quem aí já ouviu que lugar de mulher é pilotando fogão? Glória Heloiza disse que, muitas vezes, esses casos podem se transformar em violência física. “A gente percebe que o maior desafio da nossa sociedade é promover ações educativas, políticas públicas que venham a contribuir para uma igualdade de gênero e uma paridade entre homens e mulheres. E isso vai impactar nessa questão da violência, que a gente vem verificando um aumento alarmante de mulheres que são violentadas, que sofrem todos os tipos de abuso e, inclusive, no trânsito”.
E, não custa nada reforçar, essas falas machistas, além de desrespeitosas, não refletem a realidade.
E a conscientização é o caminho. À frente do Detran Mulher, Juliana Costa disse na live que sentiu as mesmas dificuldades que todas nós enfrentamos quando a pandemia do coronavírus chegou. E, por isso, acredita que “nada mais justo que um órgão do tamanho do Detran, com toda a capacidade que tem, volte políticas públicas para mulheres. Algumas pessoas dizem ‘ah, isso é bobeira’. Mas não são só os dados, é a realidade. Nós precisamos de um olhar com política de conscientização, de inclusão. Eu falo que são políticas afirmativas”.
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