Vagner Sant’Ana da Cunha, de 53 anos, é o presidente da OABDC. - Bruno Praxedes/Divulgação
Vagner Sant’Ana da Cunha, de 53 anos, é o presidente da OABDC.Bruno Praxedes/Divulgação
Por O Dia

Duque de Caxias - Com aproximadamente cinco mil advogados inscritos na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do município, a instituição empossou nesta terça-feira, 12, Vagner Sant’Ana da Cunha, de 53 anos, no cargo de presidente. Ele foi reeleito no fim do ano passado para ocupar o cargo por mais três anos (2019-2021). Em conversa com O DIA, Vagner elegeu a construção da sede da OAB/Caxias, inaugurada em setembro do ano passado, como um marco da atual gestão.

Para o próximo triênio, o advogado pretende investir mais no empoderamento da classe e reforçar a participação da OAB nas organizações da sociedade civil. Confira a entrevista!

Vagner Sant’Ana ficará na presidência da OABDC até 2021 - Bruno Praxedes/Divulgação

Qual balanço você faz desses três primeiros anos na presidência da OAB/Caxias?

Nosso discurso na vitória em 2016 foi da mudança, de ir além, transformar. O primeiro legado que vamos deixar é o físico, representado pela conquista da nossa sede própria. Em 52 anos da OAB em Caxias, um município dessa importância, passou pela primeira vez a ter sua casa própria, ter a sua própria estrutura (antes funciona em um espaço alugado na Rua Passos da Pátria, 191, no Jardim 25 de Agosto). Outro legado é que conseguimos resgatar a credibilidade da instituição dentro do município. Nós retomamos espaços que havíamos perdido dentro dos conselhos municipais, por exemplo. Estamos agora no Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, no da Segurança. Recuperamos esses espaço porque existiu trabalho.

O que esperar da atuação da OAB/Caxias para os próximos três anos?

Iniciamos um trabalho que começa e não pode ter fim. Nesse triênio que termina em 2021, temos que aprofundar as conquistas, não abrir mão de modo algum da defesa das prerrogativas, além de transformar a realidade da advocacia. Como? Empoderando, dando conhecimento. Desde 2016, nós buscamos trazer conhecimento para dentro do município. Dando cursos, palestras, promovendo encontros, por um preço acessível. Pretendemos aprofundar essa conquista, aumentar a inserção na sociedade, discutir a atuação dos negros no município, discutir questões de gênero, da mulher, discutir a desigualdade social histórica. Temos papel fundamental nisso tudo.

Sede da OAB de Duque de Caxias foi inaugurada em setembro do ano passado - Divulgação

Como a OAB pode atuar nesses casos?

Todos nós (seres humanos) somos capazes de transformar a nossa realidade. A sociedade é plural, mas que tenta todo momento aprofundar a desigualdade. A Defensoria Pública vai ao encontro daqueles que precisam, oportunizando o acesso à Justiça. A proposta da OAB é fomentar a reflexão, a discussão, em temas que são fundamentais. Por exemplo, empoderar a mulher. Ela precisa conhecer a própria capacidade que cada uma delas tem de transformar as coisas. O Brasil foi a nação que mais importou negros. E o que foi feito? Temos a comissão de igualdade racial, verdade e reparação que discute quais políticas públicas são necessárias para pouco a pouco empoderar o negro brasileiro. Negro no Brasil não é minoria, somos mais de 50%. São maiorias destratadas. Temos propostas para esses temas, estimular discussões, participar dos conselhos... Nesses conselhos, externar palavras altivas sobre os diversos temas. É dessa maneira que a gente espera olhar atento sobre esses temas sensíveis, e, quando necessário, se possível, propondo projeto de políticas públicas.

Ou seja, a OAB não é um instituição voltada apenas para os advogados.

A OAB, historicamente, está envolvida nas principais lutas da sociedade brasileira. Posso dividir o papel da OAB em dois grandes pilares. O primeiro enquanto instituição voltada para seus inscritos, que são os advogados. O exercício da profissão, ética, disciplina, instituição fundamental na defesa intransigente das leis. Outro pilar é que a OAB precisa ter o olhar atento para a cena da sociedade onde ela está. Desde o primeiro mandato, desenvolvemos ações em sintonia com a realidade da sociedade. Exemplo é o OAB nas escolas, com temas como bullying, violência. Outro exemplo, em fevereiro, fizemos a vacinação da febre amarela. Temos ações sociais nos distritos de Caxias, ocupamos praça com orientação jurídica, sempre em parceria com os órgãos públicos.

Vagner ao lado do presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz - Divulgação

Vagner, você acaba assumindo um papel de uma autoridade, certo?

Cada pessoa que ocupa determinado papel mesmo que transitório, desde presidente da República, presidente de uma empresa, precisa entender a importância do papel que desempenha perante a sociedade. Essa visão que vai ter mais credibilidade e respeito só por causa do nome, da nomenclatura. O que precisa é do jeito que você irá lidar com a sociedade. Sou alguém, advogado, provisoriamente, estou nessa tarefa, e é preciso fazer isso da melhor forma possível. Temos inúmeros desafios e batalhas tentando construir com as comissões uma nova realidade para a sociedade. Sou nascido e criado em Caxias. Temos sempre que lembrar de onde partimos, independentemente do local que você vai alcançar. Entrego de 25 a 30 carteiras todo mês, mas não é a carteira que te dá respeito. É o seu comportamento, você constrói respeito construindo isso.

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