Por felipe.martins

Rio - Querer é poder. Nos últimos anos essa frase era praticamente um mantra da sociedade brasileira. A economia deslanchou, a renda das famílias cresceu, geramos empregos e a inflação estava dominada. A vida melhorou e tínhamos as melhores esperanças em relação ao futuro.
Foi divulgada pelo IBGE, os dados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Continua (PNAD Contínua), com relação à renda média do brasileiro em 2015. O trabalhador ganhou em média R$ 1.113,00, contra R$ 1.052,00 em 2014. O aumento foi de aproximadamente 6%, num ano em que a inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 10,7%.

Analisando os dados, pode-se concluir que, em média, o brasileiro somente conseguiu repor aproximadamente metade da inflação. Dito em português claro, o cidadão perdeu poder de consumo e a renda encolheu. Em termos práticos, o resultado traduz uma brutal perda de qualidade de vida. Normalmente, o trabalhador só consegue repor as perdas da inflação dos 12 meses passados no mês do dissídio da sua categoria salarial. Depois, passa 11 meses, paulatinamente, perdendo a sua capacidade de compras em relação ao aumento geral de preços da economia.

Com esse efeito de aumento da renda nominal (6%) menor do que renda real (10,7%), muita gente que ficou desempregada, quando consegue ser recontratada, aceita receber um salário menor no novo emprego. O trabalhador está raciocinando que, em época de crise, mais vale garantir um emprego do que receber o salário que seria justo e merecido.

Querer é poder, como programação para a mente, autoajuda, crença religiosa e convicção filosófica é válida. Como realidade econômica, querer não é mais poder.

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