Por thiago.antunes

Rio - Os consumidores terão que desembolsar um dinheiro a mais para comprar remédios já este mês. O governo federal autorizou ontem o reajuste de até 12,5% dos preços de mais de nove mil medicamentos. A resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) foi publicada no Diário Oficial da União.

A Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) não se pronunciou sobre a medida. No entanto, gerentes de algumas redes informaram que alguns produtos não serão reajustados agora. Uma forma de o consumidor pesquisar preços é usar sites que comparam os valores entre as empresas, como o www.cliquefarma.com.br e consultaremedios.com.br. 

Consumidores terão que pesquisar preços e aderir a programas de descontos de laboratórios e farmáciasDivulgação

Com a adoção da medida, as farmácias e drogarias ficam obrigadas a deixar à disposição dos consumidores e dos órgãos de defesa do consumidor as listas dos preços de medicamentos atualizadas. De acordo com a resolução, o reajuste máximo de 12,5% nos preços dos remédios teve por base o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 9 de março de 2016, que acumula variação de 10,36% entre março de 2015 e fevereiro de 2016.

A Interfarma, associação que representa laboratórios farmacêuticos do país, afirma que é a primeira vez em mais de 10 anos que o reajuste anual de preços fica acima da inflação. A entidade diz também que a alta da energia elétrica e as variações do câmbio influenciaram o índice deste ano.

O Ministério da Saúde afirmou que, além de ter como base o IPCA, o índice de reajuste anual de medicamentos leva em conta a concorrência de mercado, produtividade da indústria farmacêutica e custo de produção. A fórmula está prevista em resolução da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos.

Evolução do preço dos remédios pela inflaçãoArte%3A O Dia

O ministério destacou ainda que “não se trata de um índice automático de aumento de preços, uma vez que o percentual é aplicado ao valor máximo permitido para a venda dos medicamentos”. E, de acordo com a Cmed, a prática de descontos do mercado é praxe tanto na indústria quanto no setor varejista, devido principalmente à concorrência deste mercado. Por isso, o impacto no consumidor historicamente tem ficado e deve ficar abaixo do teto de reajuste aprovado este ano, que é de 12,5%.

Hora de pechinchar

A notícia da alta dos remédios pegou de surpresa o técnico de Segurança do Trabalho, Luciano Santos, 37 anos. Todo mês, ele compra medicamentos para a sua mãe, Dinah Santos, 71, portadora de glaucoma e hipertensa. Com o reajuste, que passou a valer ontem, ele vai pesquisar mais preços e passar a pedir descontos.

“Quem toma remédio controlado gasta muito. Imagine quando os preços subirem. Passaremos a pesquisar mais os preços. Mas e quem não tem condições de pagar?”, reclama Luciano, que gasta mais de R$ 130 com medicamentos para a mãe. 

A Proteste Associação de Consumidores dá algumas orientações para tentar reduzir o impacto do reajuste. Confira:

- Pesquise preços

Pesquise preços em diferentes redes e também em unidades da mesma empresa. Segundo a Proteste, há variações de uma loja para outra de uma mesma rede.

- Peça descontos

Pechinche. Vale lembrar que algumas farmácias dão descontos para clientes com cartão da rede.

- Genérico 

Consulte seu médico sobre a possibilidade de usar a versão genérica do medicamento, que é mais barato. Peça que ele receite o medicamento pelo nome do princípio ativo. Assim, será mais fácil verificar a existência de genéricos e optar pelo mais em conta.

- Farmácia Popular

Consulte o médico sobre a possibilidade de utilizar medicamentos da lista do Programa Farmácia Popular, que tem remédios gratuitos e com preços até 90% mais baratos.

- Cliente fidelidade

Quem tem doença crônica pode aderir a programas de fidelização de laboratórios. A adesão é feita pelo site das empresas ou por um telefone 0800, identificado nos rótulos dos produtos. Dependendo do medicamento, os descontos chegam até 70%.

Você pode gostar