Rio - ENTÃO, É NATAL... Para muitos, dia de reverência e reflexão. É quando, além de celebrar o Filho de Deus, eu peço ao Pai Todo-Poderoso licença para celebrar também minha “Vó Anna” — que há tempos enfeita o Céu (dizem) e há tempos eu espero de volta à Terra (creio).
Foi essa “Boa Velhinha” que, mesmo sem conhecer letra ou número, me ensinou o dom da palavra e o valor do dinheiro — não como coisa suja, proibida ou desprezível, mas como coisa com a qual precisamos lidar, sem esquecer nossas virtudes e sem perder de vista nossas origens ou raízes, quem somos ou o que somos. Com ela aprendi que é possível tratar o dinheiro sem demonizá-lo ou cultuá-lo. Sem medo, culpa ou hipocrisia. Sem convicções doutrinárias, dogmáticas ou filosóficas. Sem rancor, obsessão, ressentimento ou manipulação. Para isso, é fundamental abrir a mente e livrá-la de mitos ou maniqueísmos em relação ao dinheiro: sagrado ou profano, sucesso ou fracasso, verdade ou mentira, herói ou vilão...
Há mais de 2.000, 1.000 ou 500 anos, dinheiro começa e encerra guerras. Mas dinheiro também agrega, integra, emprega, paga projetos, financia conquistas, desenvolve nações. O dinheiro é a graxa das engrenagens que fazem multiplicar, transformar, progredir e inovar. O dinheiro constrói igrejas, escolas e hospitais. Não fosse o dinheiro, até hoje, no Brasil, estaríamos trocando espelhinhos e tocando berimbau. Sem dinheiro, ainda estaríamos de cocar e tanga, sacudindo chocalho, caçando o almoço e pescando o jantar.
Minha avó me ensinou que o dinheiro não envelhece, não rejuvenesce, não adoece e não cura ninguém. O dinheiro só faz da gente o que a gente sempre foi e sempre será: nem mais, nem menos, nem maior, nem menor. A gente até pode torcer para se tornar alguém melhor em caso de ressurreição ou reencarnação (vida que segue), mas até que isso ou aquilo aconteça, ou se prove o contrário, o melhor a fazer é ser o que a gente é — preferencialmente, com dinheiro no bolso; sobretudo, com Jesus no coração e com Deus na alma. Santa Anna!
Quem já investiu em ações ou quem já se apaixonou sabe o quanto se pode ir ao céu e ao inferno no mesmo dia, na mesma hora. Quem ainda não experimentou uma coisa ou outra terá que abrir o coração ou abrir o bolso para descobrir.