Por thiago.antunes
Rio - O ano de 2016 foi terrível, com troca de presidente da República e da Câmara Federal, com prisão de políticos importantes e a consequência foi a piora da economia, com a inflação ultrapassando o patamar de 10% ao ano, com o desemprego mordendo as canelas dos trabalhadores e muita gente honesta se enrolando cada vez mais com dívidas.
A Firjan divulgou estudo que comprovou a deterioração do emprego no Rio, apurando que entre 2015 e 2106 foram dizimadas 420,5 mil vagas formais em nosso estado. Entre os setores que mais encolheram em postos de trabalho estão, pela ordem: prestação de serviços, construção civil e a indústria de transformação.
Publicidade
Todos os estados perderam empregos (incluindo o DF), só que o Rio foi o que mais teve vagas fechadas. Em 14 anos (2000 a 2014), o Rio, surfando na onda dos royalties do petróleo, criou cerca de 2 milhões de novos postos. Em apenas um ano, no entanto, destruímos quase 25% disso tudo.
Pior ainda, justamente, após o sucesso espetacular da Olimpíada de 2016, em que se esperava a consolidação do Rio como ponta de lança da economia, aproveitando um tal legado dos jogos, o estado entrou em colapso financeiro. O otimismo e o orgulho deram vez ao desespero e à falta de esperança na população.
Publicidade
Espera-se que hoje os governos federal e estadual anunciem as bases de um acordo que suspenderá por três anos a dívida do Rio e permitirá um socorro emergencial em termos financeiros para que a folha de servidores ativos e aposentados seja colocada em dia em pouco tempo.
Obviamente, as tais contrapartidas exigidas do estado serão grandes e haverá dificuldades para aprovação pela Alerj. Sobretudo, as medidas que aumentam a contribuição previdenciária de servidores e as que pretendem reduzir os salários provocarão danos políticos de difícil previsão.
Publicidade
Não se sabe sequer se o governador Pezão terá sucesso com elas, como já ocorreu com o fracassado pacote anterior, que provocou enfrentamentos campal entre policiais e servidores no Centro da cidade. É preciso lembrar que a dívida do estado não será perdoada. Ela está sendo postergada e que daqui há três anos voltará corrigida para ser paga. Por isso, é importante lembrar: é necessário pensar além de colocar o fluxo de caixa estadual em dia.
Precisamos diminuir a nossa dependência do setor petróleo e pensar em projetos estruturais de desenvolvimento, que impulsionem a economia, aumentem a arrecadação e tragam novas alternativas de emprego e de vida para o cidadão fluminense.
Publicidade
Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral