Por thiago.antunes

Rio - Em débito com salários de maio e de junho — além do décimo terceiro de 2016 — do funcionalismo, o governo estadual agora tem expectativa de quitar os atrasados em agosto e não mais em setembro. Foi o que o governador Luiz Fernando Pezão disse ontem, em uma previsão otimista e que dependerá da antecipação da chegada de recursos, por empréstimo e venda da folha de pagamento. Essa última seria uma medida alternativa para complementar os aportes necessários para acertar os débitos. 

“A gente espera muito atualizar os pagamentos dentro do mês de agosto”, disse Pezão, após reunião com o presidente Temer para tratar de assuntos do Rio, como a compra da Cedae pelo BNDES, que aceleraria o empréstimo de R$ 3,5 bilhões para quitar as folhas.

Pezão cancelou sua licença médica na quarta após ser convocado para reunião com Temer e rebateu críticas Isac Nobrega / PR

Pezão acrescentou que, para garantir os pagamentos no mês que vem, aposta não só na venda da companhia de águas e esgoto, mas também na receita que virá pela antecipação da venda da folha dos servidores: “Isso vai dar um valor significativo. Estamos contando com estes recursos em agosto. Dá para colocar a folha em dia junto com o empréstimo”.

O leilão da venda da folha pode gerar receita de R$ 1,5 bilhão, segundo o próprio governo estadual. A licitação decidirá qual será o banco pagador dos servidores e o governador disse que aguarda pleito disputado. Há expectativa de que o edital saia na primeira semana do próximo mês.

‘Força-tarefa é necessária’

O relator do projeto que criou a recuperação fiscal, deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), que tem sido interlocutor do estado em Brasília, fez mapeamento de prazos junto ao Tesouro Nacional para que o Rio possa aderir ao plano. O deputado disse que, por este calendário, a assinatura do acordo não sai em menos de 60 dias.

Ele pondera que as ações que o estado aposta para quitar atrasados não dependem da adesão ao regime. Mas diz que até para isso se concretizar é necessária “força-tarefa”. “A operação com o BNDES não depende do acordo, pois a venda da Cedae foi autorizada pela Alerj, e o dinheiro pode vir antes se houver muita articulação. E para a homologação do acordo, tem que ter força-tarefa para que os prazos sejam menores”, disse.

Muspe conversou com Dom Orani%2C ontem%2C na Arquidiocese%2C e conseguiu apoio à campanha solidáriaDivulgação

No desespero para ajudar servidores, o Muspe recorreu ontem ao arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. O grupo pediu apoio da Arquidiocese para doação de alimentos e conseguiu: a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgará a campanha e os polos de arrecadação na Rádio Catedral.“Se a calamidade tomou conta de nós, não tomou conta dos nossos corações”, disse Dom Orani.

Governador rebate críticas

Pezão chegou a fazer um desabafo sobre críticas que recebeu por ter ido tratar de sua saúde em uma clínica e SPA. Ele se licenciou no domingo, por recomendações médicas, devido a problemas relacionados ao seu quadro metabólico, como descompensação do diabetes e aumento de peso.

“Eu precisava de tratamento. Saí de uma doença muito séria. São oito tumores, saí do tratamento em outubro e, contrariando meus médicos, vim para a luta”, disse.

“Não sou demagogo, mas o que mais me faz sofrer é o salário do servidor não estar em dia... Passei 19 semanas aqui (em Brasília) sem cuidar da saúde. Se não me cuidasse, meu médico falou que eu ia morrer. Cheguei a ter 304 de glicose. Tirei cinco dias. Nesses dois anos e sete meses, tirei três dias no Carnaval (de 2016) e agora cinco dias, isso desde quando eu estou no governo. Se não me cuido, não tenho como cuidar bem das pessoas”, finalizou.

Você pode gostar