Rio - A votação da Câmara que barrou a investigação sobre o presidente Michel Temer não muda muito o cenário econômico, mas provocou reação positiva do mercado financeiro, com a bolsa de valores em alta e a cotação do dólar em queda. Na verdade, não importa muito para economia brasileira os acontecimentos de curto prazo, mas sim o que acontecerá a partir de primeiro de janeiro de 2019, quando teremos um novo presidente da República.
Há consenso de que qualquer que seja o governante, Temer, Rodrigo Maia ou outro nome para terminar o atual mandato, poucas coisas mudarão no cenário econômico. Sempre haverá a instabilidade dos fatos políticos e os efeitos dos desdobramentos de denúncias, como se fossem flechas no alto apontadas para as cabeças de políticos e empresas.
Ao mesmo tempo, há a convicção de que a manutenção de Henrique Meireles à frente da Fazenda e seus esforços para cortar despesas e reduzir o déficit público, é imposição para se navegar neste período de transição. Ou seja, ninguém espera um plano econômico mirabolante que faça o PIB disparar de repente, pois não há ambiente político e econômico favorável para isso.
Daí, navegar na economia em meio a uma profunda crise política, promovendo redução expressiva da inflação, pequeno crescimento do PIB e redução relevante da taxa de juros, é um grande feito. Por isso, se diz que Meirelles se tornou o fiador da transição e que nada muito diferente deve acontecer na economia.
O que pode mudar é que se Temer conseguir manter a base política que barrou a denúncia contra ele daqui para frente, poderá haver força política e chances de que a Reforma da Previdência seja aprovada ainda em seu governo. Se isso acontecer, o mercado irá reagir positivamente.
Por fim, deve ser considerado que ainda não há uma candidatura presidencial forte para 2018, sobretudo com a provável confirmação de que Lula ficará inelegível. Esse cenário de indefinição ajuda a tornar o futuro uma incógnita e a manter a economia em banho-maria.