Por thiago.antunes

Rio - Convicções ideológicas à parte, nas últimas décadas, desde a edição do Plano Cruzado em 1986 no governo José Sarney, pelo menos, o comportamento da economia brasileira e, por extensão, do bem-estar fornecido pelos governantes sofre forte influência nas decisões eleitorais brasileiras. Vota-se no candidato, partido e proposta, tendo como uma das decisões mais importantes, o que se ofereceu na economia para o povo.

Os sucessivos planos econômicos mal sucedidos, com a hiperinflação e o descontrole dos preços, do desastre do Plano Collor até o sucesso do Plano Real, sempre influenciaram na decisão de voto do brasileiro.

No entanto, vivemos um momento único. Depois do fracasso econômico do governo Dilma, a economia, que era uma das preocupações nacionais, parece ter deixado de ter essa importância. O foco do cidadão está muito mais dirigido para a crise política, as denúncias de corrupção, as ações da Polícia Federal, políticos corruptos, para o procurador-geral, os ministros do Supremo Tribunal Federal e para as votações do Congresso .

O curioso é que se de um lado a economia está melhorando timidamente em banho maria, do outro, o ambiente político ferve como se estivesse numa panela de pressão. A economia então deixou de ser o maior problema nacional.

O PIB do segundo trimestre foi positivo em 0,2%. Embora seja pequeno, mostra consistência pelo crescimento do consumo das famílias. Esse resultado permitiu que os economistas decretassem o fim da recessão técnica.

A discreta melhora geral foi confirmada pelos dados da inflação de agosto do IBGE, medida pelo IPCA, que ficou em 0,19%, abaixo das expectativas do mercado. Em termos de preços, a inflação acumulada em 12 meses está 2,46%, rompendo para baixo o limite inferior da meta, que é de 2,5%.

Em termos práticos, quem vai ao mercado já percebe que muitos itens importantes na mesa do brasileiro baixaram de preços em agosto, como o feijão carioca (-15%), tomate (-14%) e o açúcar (-6%). Desse jeito, se não há motivo para fazer festa, também parece que o cidadão comum não vai passar fome. Vai ficar esperando a evolução da confusa novela política nacional assistindo tudo pela televisão, com imagem digital.

Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

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