Por thiago.antunes

Rio - Os hábitos de consumo mudaram nos últimos anos, principalmente os de alimentação. Lembro-me bem de quando era criança, eu ia à feira livre aos domingos com meu avô João, em Vila Isabel. Ele dizia que se o menino não aprovasse, não compraria o produto. Pois hoje, as feiras estão desaparecendo, encolhendo de tamanho e de variedade.

As feiras livres simbolizavam o mercado em sua plenitude, numa versão microscópica. Fornecedores e consumidores atuando ao mesmo tempo, geram concorrência, sem interferência do governo em transações e preços. Ou seja, as curvas de oferta e demanda em livre interação determinavam preços justos.

E mais, sem inadimplência, porque os pagamentos eram à vista, em dinheiro. O mundo contemporâneo provocou a falta de tempo na vida das pessoas. Gasta-se, hoje, numa grande capital, mais de duas horas em deslocamentos para ir e vir do trabalho.

Talvez seja uma das explicações para o esvaziamento das feiras. É preciso racionalizar o tempo disponível, o que leva a escolha por fazer compras em supermercados, onde se pode encontrar todos os alimentos e tudo o que a pessoa precisa, como produtos de limpeza, utensílios, roupas e eletrodomésticos.

O resultado disso tudo é que a população come mal. Abusa das refeições gordurosas, congeladas e do fastfood. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, nos últimos 35 anos, a obesidade aumentou quase cinco vezes entre homens e mais do que duplicou entre mulheres. Hoje, 57% da população tem excesso de peso.

Essa mudança no padrão alimentar da população, revela a substituição da culinária tradicional por produtos processados e prontos para o consumo. De acordo com a OMS, só um em cada três adultos consome frutas, legumes e verduras regularmente. O almoço e o jantar são substituídos por lanches em 7 ou mais vezes por semana por 14% população.

Obviamente, as indústrias de alimentos e de bebidas se aproveitam dessa tendência e cada vez mais oferecem produtos práticos e instantâneos, que engordam seus lucros. Entretanto, numa visão social, esse movimento é perverso. Quanto mais obesos forem os cidadãos, maiores são riscos do desenvolvimento da hipertensão e do colesterol alto, que acabam desencadeando problemas de saúde. No final, quem paga a conta dessa “gordice” é você mesmo.

Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

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