A estudante Stella Meireles costuma entrar no cheque especial, mas de forma moderada. Ela espera que bancos ofereçam taxas melhoresAlexandre Brum / Agência O Dia
Por MARTHA IMENES

Rio - Quem está pendurado no limite do cheque especial, uma das modalidades de crédito mais caras, que em fevereiro teve juros de 324,1% ao ano (ou 12,8% ao mês), terá a opção de se livrar da dívida com taxas menores. Isso é o que determina a nova regra para uso do cheque especial estabelecida pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que vai entrar em vigor a partir de 1º de julho. De acordo com a norma, os bancos vão oferecer uma porta de saída automática a clientes que usarem 15% do limite da conta por 30 dias. Mas atenção, a adesão a essa nova operação, teoricamente mais barata, não será obrigatória, como acontece com quem usa o rotativo do cartão de crédito. A regra se aplica para dívidas acima de R$ 200.

Os bancos serão obrigados a alertar o consumidor quando entrar no especial, de acordo com a norma. Clientes que não aderirem à operação de crédito proposta não sofrerão punição e o uso do limite da conta seguirá normalmente. "A oferta será feita nos canais de relacionamento e o cliente decide se adere ou não à proposta. Caso não aceite, nova oferta deve ser feita a cada 30 dias", informou a Febraban.

Para a economista e professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Myrian Lund, a medida beneficiará principalmente os bancos, que conseguirão reduzir os níveis de inadimplência, que afetam diretamente seus balanços. "Para o consumidor a orientação é: vá ao banco e busque linhas mais baratas de crédito que a automática - que costuma ser mais cara - e faça planilha para saber se o valor da parcela caberá no orçamento", indica a especialista, que avalia que a taxa do crédito automático para o consumidor deve ser em torno de 50% da taxa do especial. "Se os juros do especial de determinado banco estiverem em 10% ao mês, a taxa automática a ser oferecida deve ficar em 5%", diz.

Flávia Gomes, 38 anos, camareira, já teve dívida no cheque especial e demorou cinco anos para se livrar, após conseguir parcelar. "Meu limite era de R$1 mil e não sabia que endividaria tanto por usar o dinheiro do banco. Entrei no SPC por não conseguir pagar a conta. Virou uma bola de neve", diz. "Nunca mais tive cheque especial", conta.

A estudante de engenharia Stella Meireles, 25, ficou aliviada ao saber que os bancos terão que oferecer juros menores para quem está no especial.

"Eu tenho R$ 900 de limite. Já me dei mal algumas vezes com isso", lembra. "Meu salário caía e metade era para pagar os juros. Especial é um perigo", completa. "É bom saber, de alguma forma, que os juros vão ser menores, até porque hoje em dia quase todo mundo usa cheque especial", acrescenta.

Consignado é mais em conta
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Instituições não detalham novas linhas
A camareira Flávia Gomes não tem mais cheque especial no banco por causa de dívidasAlexandre Brum / Agência O Dia
Parcelamento será mantido
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As compras parceladas sem juros no cartão de crédito não vão acabar. A ideia é ter no mercado alternativas a esse tipo de movimentação, segundo o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos, no Senado.
"O parcelado sem juros não vai acabar. O que nós gostaríamos é de oferecer produtos alternativos que fossem capazes de reduzir a parcela", disse. Goldfajn explicou que há custos embutidos nesse tipo de compra parcelada que acabam sendo arcados pelo consumidor.
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Segundo Goldfajn, é possível que ocorram mudanças promovidas pelo mercado."Se o parcelado sem juros for de fato um produto que a sociedade quer manter, que mantenha", disse.

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