Por Agência Brasil

Rio - O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), André Pepitone, defendeu nesta terça-feira a necessidade de o governo construir uma equação financeira para terminar a construção da Usina Nuclear Angra 3, localizada em Angra dos Reis (RJ). A situação da usina, que se encontra com as obras paradas desde 2015, foi tema da reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) na manhã desta terça.

“Não estou discutindo mais se Angra é viável ou não. Angra é viável. Não tem como voltar atrás. O que a gente precisa agora é estruturar um modelo com a participação de todos os atores envolvidos para ter uma modelagem equilibrada do ponto de vista financeiro e econômico para a usina”, disse Pepitone.

Durante a reunião, o CNPE examinou o relatório do grupo de um trabalho que discutiu uma solução para retomada do empreendimento. A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras que é responsável pela operação das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 e a construção de Angra 3, defende um reajuste na tarifa da usina como forma de viabilizar a conclusão da usina.

Atualmente, o valor da energia está em cerca de R$ 240/MWh. A estimativa da Eletrobras estima que o empreendimento seria "minimamente" viável com o patamar de tarifa de R$ 400 por megawatt-hora (MWh).

O diretor da Aneel disse que a discussão envolvendo o reajuste na tarifa tem que ser feita consultando todos os segmentos para que uma decisão seja tomada com segurança. “Assim como tomamos as decisões na Aneel, é feita uma proposta, abre-se uma audiência pública, se promove um debate. E a melhor solução técnica há de aparecer, de ser maturada”, disse Pepitone.

Além disso, o governo procura investidores para o empreendimento. Em junho, a Eletrobras firmou um memorando de entendimento a empresa francesa Électricité de France (EDF) para promover cooperação na área nuclear. As empresas estudam possibilidade de a EDF colaborar com a retomada e conclusão de Angra 3 e também no desenvolvimento de novas usinas nucleares no Brasil.

“Além disso, a companhia francesa contribuirá com sua expertise para a operação de Angra 1 e Angra 2 na prevenção do envelhecimento de materiais, na identificação do risco de obsolescência de equipamentos, em manutenção e em treinamento”, disse a Eletrobras na época.

TCU

O Tribunal de Contas da União estima que para concluir a usina ainda faltam R$ 17 bilhões. O cronograma utilizado pela companhia prevê que as obras serão retomadas em junho de 2020 e concluídas em janeiro de 2026. A capacidade prevista da usina é de 1.405 megawatts. Isso significa energia suficiente para abastecer cerca de 5 milhões de residências.

Em setembro, a Corte retirou sua recomendação de paralisação das obras de construção de Angra 3. O tribunal analisou processo tratando de indícios de irregularidades na licitação e na execução contratual dos projetos executivos da usina, a cargo da Engevix, empresa investigada pelo Ministério Público Federal (MPF), no âmbito da Operação Lava Jato.

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